SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Conhecido por ter jogado em times como Corinthians, Vitória e Flamengo, e também por ter feito parte da seleção brasileira pentacampeã mundial em 2002, o ex-jogador Vampeta completa 50 anos nesta quarta-feira (13).
Atualmente comentarista esportivo da Jovem Pan, o baiano de Nazaré Marcos André Batista Santos se notabilizou não só pelo seu talento com a bola mas também por ser um bom contador de histórias. A começar pela origem de seu apelido. Ele recebeu a alcunha ainda criança, quando perdeu o primeiro dente daí o “vampiro”. Capeta veio de sua, digamos, suposta falta de beleza. Vampiro com Capeta deu Vampeta. Pegou.
A espontaneidade não se restringe às falas em entrevistas. Em 2002 ele quebrou o protocolo ao, literalmente, deitar e rolar na rampa do Palácio do Planalto. Isso aconteceu quando a seleção pentacampeã passou por Brasília (com os jogadores meio a contragosto, é verdade), e, diante do presidente Fernando Henrique Cardoso, Vampeta deu uma cambalhota na porta do Palácio. Momento histórico. Na internet, seus causos viralizam com frequência e, até hoje, algumas frases ditas por ele são usadas no mundo do futebol para designar algumas situações.
Eis uma seleção de “vampetices” disponíveis na web:
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1) G MAGAZINE E RESTAURAÇÃO
No auge de sua popularidade com o Corinthians, em 1999, Vampeta aceitou um convite e posou nu para a edição de janeiro da revista gay G Magazine. O ensaio virou um grande clássico até os dias de hoje.
Vampeta usou o dinheiro que ganhou com o trabalho para comprar e restaurar o Cinema Rio Branco, fundado nos anos 1920 em sua cidade natal. Ele cumpria uma promessa feita a um restaurador, que lhe pediu ajuda para manter a sala de exibição de pé.
De uns anos para cá, o Rio Branco passou a abrir apenas para exibições públicas, e é mais usado como um museu turístico para a cidade. Vampeta, no entanto, não caiu em tentação e, mesmo sabendo que poderia faturar muito mais, não cedeu às investidas para se desfazer dele. “Até hoje a Igreja Universal do Reino de Deus me faz proposta para comprar o Rio Branco, mas eu não vendo”, disse ele recentemente em seu canal no YouTube.
2) VAMPETAÇO
Mais recentemente, o ensaio da G Magazine de Vampeta virou uma espécie de resposta para falas consideradas desagradáveis ou absurdas de pessoas públicas na internet. É o que se chama de “Vampetaço”.
Ou seja, é uma forma de cancelamento usada como protesto contra pessoas públicas que postam algo que incomode em suas redes sociais, principalmente no X (ex-Twitter). Mas não só. Em protestos nas ruas, a imagem de capa da revista virou cartaz e apareceu colado em diversos lugares, numa espécie de “cala a boca” à manifestação em questão.
Foi o que aconteceu em fevereiro deste ano, no ato e defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, em São Paulo. Os muros próximos ao prédio da Fiesp foram palco de um Vampetaço, com reproduções da G Magazine em alguns pontos.
Vampeta afirmou não se importar com o Vampetaço, elogiando-o em entrevista para o site Mundo Mais. “Não acho incômodo. Pelo contrário. Acho muito da hora. Queria dar os parabéns para quem criou isso”, afirmou. O Vampetaço ganhou tanta popularidade que virou objeto de estudo social em universidades.
3) “ELES FINGEM QUE PAGAM E EU FINJO QUE JOGO”
Em 2001, Vampeta chegou ao Flamengo após uma temporada apagada no futebol europeu, onde jogou na Inter de Milão (ITA) e no Paris Saint-Germain (FRA). Foi um negócio grande na ocasião: em troca de Vampeta, o PSG recebia o promissor atacante Reinaldo. O negócio ainda envolvia a ida de Adriano Imperador para o time milanês, além de US$ 5 milhões.
O momento financeiro do Flamengo era ruim. Após cobranças por um melhor desempenho, o volante disse uma frase que ficou marcada em entrevista coletiva: “Eles fingem que me pagam, e eu finjo que jogo.”
Em parcos 16 jogos oficiais, Vampeta marcou apenas um gol, em partida contra o Gama, no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro de 2001.
Até hoje, o jogador cita como usava parte de seus ganhos da Europa para ajudar os funcionários e atletas mais jovens do elenco, não tendo chegado a receber um salário sequer do Flamengo.
Sempre que pode, Vampeta alfineta o Flamengo. “A única coisa que recebi lá foi o dinheiro das figurinhas”, brincou, na Jovem Pan em 2021.
5) PRISÃO COM EDÍLSON
Em fevereiro de 1998, o atacante Edilson Capetinha parou seu carro em fila dupla na esquina da avenida Doutor Arnaldo com a rua Major Natanael, em São Paulo, para comer um lanche com Vampeta.
Ao voltar, viu um policial deixando uma multa e soltou o verbo. Foi preso por desacato à autoridade, e Vampeta acabou indo junto para a polícia.
“Fui como advogado e testemunha do Edilson”, brincou na época, em entrevista para a TV Globo. Até hoje, a reportagem realizada é alvo de gozações.
5) PADRINHO DE CASAMENTO SURPRESA DE AMIGO QUE JÁ ERA CASADO
Em abril de 2022, já como comentarista da Jovem Pan, Vampeta contou uma história curiosa: ele foi padrinho de casamento surpresa.
No programa Bate-Pronto, ele relembrou as temporadas em que atuou pelo Goiás, entre 2006 e 2007.
“Eu morava num apart-hotel na praça Tamandaré, em Goiânia. Não posso dar os nomes, mas tinha um atacante que morava com a família no mesmo apart-hotel comigo, apartamento de frente”, disse.
Segundo Vampeta, a equipe esmeraldina estava de folga num domingo e ele combinou de almoçar com a sua esposa e as duas filhas. Mas o então atacante o procurou e lhe pediu para levá-lo em um lugar.
“Ele chega e diz ‘não sei dirigir, me leva ali num lugar’. Eu digo: ‘Mas você não conhece nada em Goiânia’. Ele: ‘Me leva ali, que eu tenho que fazer um negócio’. Ele casado, com dois filhos”, começou.
“Levei. Chego numa casa, lotada de festa, noivado dele. Eu falei: “Como é? Você é casado…” Ele disse: “E você ainda vai ser o padrinho do meu casamento, senta aqui'”, disse. Vampeta contou que ficou na festa e ainda disse algumas palavras bíblicas na cerimônia.
Contudo, o atraso para o almoço enfureceu a sua família. O pentacampeão mundial com a Seleção Brasileira teve que inventar uma desculpa para a sua esposa.
Ao fim da história, Vampeta acabou revelando sem querer o nome do jogador, algo que não costuma fazer: era Nonato, atacante com passagens por clubes famosos nos anos 2000. Ao fim do programa, Nonato se entregou aos risos: “Como você revela meu nome nessa?”.
Redação / Folhapress