Varejo cresce 4% no início do ano, e China amplia aposta no consumo

PEQUIM, CHINA(FOLHAPRESS) – As vendas no varejo, principal indicador do consumo interno, superaram as projeções na China e cresceram 4% em janeiro e fevereiro, em comparação com o mesmo período do ano passado, anunciou o Escritório Nacional de Estatísticas nesta segunda (17), em Pequim.

Também na segunda, autoridades da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, do Ministério das Finanças e outros órgãos detalharam o plano de estímulo ao consumo. Divulgada pela agência Xinhua na noite de domingo, a série de medidas “visa impulsionar vigorosamente o consumo”.

Em dezembro, já sob efeito de medidas iniciadas no final do ano, o aumento no varejo havia sido de 3,7%. A projeção de profissionais do mercado, para janeiro e fevereiro, era de 3,8%. O órgão de estatísticas junta os dois meses para reduzir distorções, devido ao extenso feriado de ano novo.

O símbolo desse avanço no consumo interno veio exatamente no feriado, quando estreou a animação “Ne Zha 2”. No último sábado (15), o filme atingiu 15,2 bilhões de yuans de bilheteria (R$ 12 bilhões), passando “Star Wars: O Despertar da Força” para entrar na lista de cinco maiores filmes em arrecadação na história.

Analistas dizem que é preciso aguardar para ver se o êxito de “Ne Zha 2” se espalha pelo cinema chinês, dúvida que se repete quanto à firmeza na recuperação do consumo interno, de maneira geral. A sombra maior é das tarifas crescentes contra produtos chineses adotadas pelo presidente Donald Trump nos EUA.

O mercado interno é visto como alternativa ao protecionismo americano e agora de outros países pelo mundo, inclusive europeus e emergentes, como o Brasil.

Além do consumo, também a produção industrial superou projeções, com um crescimento de 5,9% no bimestre, em relação ao período no ano anterior. Na avaliação do próprio órgão de estatísticas, “a economia manteve o novo e positivo impulso de desenvolvimento”.

Foi efeito de uma sequência de medidas iniciadas há seis meses, que garantiram o cumprimento da meta de 5% de crescimento do PIB em 2024. As novas ações visam garantir a meta de 2025, divulgada em discurso do primeiro-ministro Li Qiang à Assembleia Nacional Popular, que repetiu a busca de “cerca de 5%”.

Na coletiva das autoridades econômicas chinesas, nesta segunda, o representante da Comissão de Desenvolvimento, o principal órgão de planejamento do país, afirmou que o consumo está melhorando, mas a confiança do consumidor continua fraca.

“As políticas de consumo anteriores começaram principalmente do lado da oferta, enfatizando a criação de demanda impulsionada pela oferta”, falou Li Chunlin, da Comissão. “Desta vez, o plano fortalece os esforços do lado da demanda.”

Ele detalhou ações para ampliação dos salários e maior subsídio a creches, entre outras. O representante do Ministério das Finanças relatou a alocação de financiamento para bens de consumo e também apoio à educação, buscando aliviar os custos das famílias dos estudantes.

Um dos dados negativos divulgados pelo órgão de estatísticas nesta segunda pela manhã foi um aumento no desemprego urbano, para 5,4% em fevereiro. Na coletiva, à tarde, o Ministério das Finanças divulgou a destinação de 66,7 bilhões de yuans (R$ 53 bilhões) para políticas de criação de emprego.

Sobre inteligência artificial, outro tópico abordado com prioridade na Assembleia Nacional Popular, há duas semanas, a Comissão de Desenvolvimento enfatizou a promoção conjunta de IA e consumo, com aplicações em robótica, direção autônoma e outras.

O representante do Banco do Povo da China, o banco central do país, abordou a aceleração da transformação digital das finanças, com a adoção de IA.

NELSON DE SÁ / Folhapress

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