Veja as mudanças do remake de ‘Renascer’, com Buba trans e padre que vira pastor

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Neto de Benedito Ruy Barbosa, Bruno Luperi, de 35 anos, diz ter a mesma liberdade irrestrita do avô para escrever o remake de “Renascer”, depois de adaptar “Pantanal” há dois anos e fidelizar o espectador como não se via desde “Avenida Brasil” em meio à crise de audiência que se abate sobre as novelas da Globo.

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BUBA

Antes intersexual —à época chamada de hermafrodita—, Buba, que cedia aos pedidos de Zé Venâncio e fazia uma cirurgia para modificar sua genitália, agora será uma mulher trans interpretada por uma atriz trans —a estreante Gabriela Medeiros, de 22 anos.

A comunidade LGBTQIA+ também deve se ver representada com a criação de um personagem gay, ainda mantido em segredo.

ZINHA

Funcionário de confiança de José Inocêncio, Zinho agora será vivido por uma mulher, interpretada na trama da novela pela atriz Samantha Jones

PADRE LÍVIO

O padre Lívio, que vivia um dilema ao se apaixonar por Joaninha, por ser celibatário, agora será um pastor, ao lado de Iolanda, a Dona Patroa, que será uma evangélica fervorosa. A mudança pode ser compreendida como mais uma tentativa da Globo, depois da novela “Vai na Fé”, de representar os evangélicos. Até 2030, eles devem ultrapassar os católicos no posto de maioria religiosa do país.

JOSÉ INOCÊNCIO

A principal mudança do remake é a maneira como o protagonista vê a terra, segundo Marcos Palmeira, que interpreta o protagonista em sua fase adulta —papel que na versão original era de Antônio Fagundes.

Antes, era o filho de Inocêncio, João Pedro —justamente quem Palmeira fazia há 30 anos—, que punha a mão na massa. Agora é o pai, que rejeita a pecha de coronel.

“O novo Zé Inocêncio não quer só explorar a terra. Ele tira e devolve. É o que o momento pede. Precisamos ter outro olhar para a forma de produzir alimento no Brasil. O que estamos vivendo, este calor infernal, é fruto da exploração desenfreada das nossas riquezas naturais”, diz Palmeira, que mantém uma fazenda de produção orgânica na região serrana do Rio de Janeiro há duas décadas.

O personagem, conta a figurinista Marie Salles, é inspirado em Ernst Götsch, um agricultor suíço, considerado o criador da agrofloresta, que vive na Bahia. O conceito combina a produção de comida, a recuperação de florestas e nascentes e o fim da monocultura, para que uma espécie possa fortalecer a outra contra pragas.

“É como se Zé Inocêncio tivesse brotado da terra, com camiseta e calça cargo sujas de terra”, diz Salles, ao mostra o guarda-roupa do personagem.

Outras alterações são mantidas em sigilo, como os rumos de Mariana, que no passado levou Adriana Esteves a uma depressão e quase a fez desistir da carreira de atriz. Sua personagem, uma jovem apaixonada por Inocêncio e um filho dele ao mesmo tempo, causava conflitos entre a família e não era aceita pelo público.

PEDRO MARTINS / Folhapress

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