SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Recentemente, a Vila Mariana deu as caras em diversas reportagens que lembraram Rita Lee. A roqueira, que morreu em maio deste ano, aos 75 anos, nasceu e cresceu no bairro paulistano da região sul, onde compôs as primeiras canções de sua carreira solo e onde foi homenageada com dois murais.
Na rua Domingos de Morais, em frente à estação Vila Mariana do metrô, está o primeiro deles, com 8 metros de altura, assinado pelos grafiteiros Paulo e Pedro Terra e Gê Moura. O segundo, de Schok Maravilha, fica na rua Vergueiro, altura do número 2.676, logo em cima do Jai Club, balada que tem agenda lotada de festas temáticas ao longo da semana.
Passeando por forró, punk e música eletrônica, a casa é um ponto clássico do bairro, além de lugar histórico que abrigou o primeiro voo da cantora Liniker. Sob a gestão de Demétrio Godoy, o espaço ganhou há menos de dois anos um restaurante japonês no terraço para quem quer fugir da folia do andar de baixo e comer sob o olhar do mural, intitulado “Santa Rita de Sampa.”
Os grafites, inclusive, fazem parte do charme do bairro, que tem ganhado uma série de novidades com a reabertura após a pandemia. Alguns deles podem ser admirados no LabOf, centro cultural que abriu no ano passado na rua Tangará e que enche aos fins de semana, quando fãs de street art se reúnem para ver obras de mais de 30 grafiteiros, ou ainda para disputar uma partida na quadra de basquete do espaço.
Para os fãs de esportes de rua, é possível andar de skate na pista da Bowlhouse, que abriga no andar de baixo a lanchonete Send Your Wishes, na avenida Conselheiro Rodrigo Alves. A via abriga duas grandes concentrações de bares e lanchonetes, separadas por empreendimentos imobiliários de luxo é preciso caminhar alguns metros entre um grupo de estabelecimentos e outro.
Na avenida há alguns achados como o Comandante Bar, especializado em bolinhos de boteco, que enche às sextas-feiras, e o Sofrência Bar, que, como o nome faz supor, só toca o ritmo sertanejo em uma caixa de som. Típico risca-faca que ganhou ar gourmet, tem garçons que sabem de cabeça o cardápio e traz como carro-chefe a cachaça da casa.
Ainda assim, o ideal para os fãs do happy hour é descer a rua Joaquim Távora, conhecida pelo fervo de bares, restaurantes e cachaçarias. Quem escolher desembarcar do metrô Ana Rosa e seguir pela rua vai demorar um pouco para chegar à parte mais fervilhante.
Antes disso, vai encontrar uma sequência de cafés e pequenos bistrôs, entre eles a brigaderia Dona Chocólatra e a Banana Rosa. Já na Galeria Paraíso, é preciso prestar atenção para não passar batido pela loja de número 43, onde fica o Bora Brownie, com um cardápio de brownies artesanais.
Para quem procura provar drinques é bom se adiantar para conseguir uma mesa em espaços como o Paróquia, o Barxaréu, o bar do Urso, o Caverna Bar ou o Lúdico, todos disputadíssimos durante o fim de semana, mas com uma programação menos concorrida nos dias úteis.
Aberto no fim do ano passado, o Lúdico, com seus ambientes carregados de monstros e criaturas fantásticas, faz parte da onda de ambientes instagramáveis. O Jazz Restô & Burguer, na rua Vergueiro, e o Antiquário Bar& Café, na Guimarães Passos, podem ser enquadrados na mesma categoria, mas suas decorações são mais retrô.
Quem quiser uma opção clássica de lanches pode tentar a sorte no Gorila Beer House, na Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1153, bastante disputado. Pode-se ainda provar o gim típico do bairro, produzido pela Destilaria Gin NIB, na rua Tangará, que abastece os bairros da região.
Já quem optar pelos clássicos sempre pode ir até a Casa do Torresmo, na rua Rio Grande, provar a feijoada e os quitutes de boteco, ou no Don Pancho, especializado em comida mexicana Joaquim Távora.
Essencialmente residencial, a Vila Mariana foi se transformando em ponto alto da noite paulistana sem abandonar o clima de bairro, com frequentadores que já moram na região há bastante tempo. Foi isso que seduziu o empresário Marquinhos Felix, do Cariri Cocktail, que serve drinques com um toque sutil de diferentes lugares do nordeste.
O coqueteleiro havia optado por abrir um estabelecimento na Vila Madalena, mas mudou a rota ao notar a adesão do público da Vila Mariana. Coisa parecida aconteceu com João Paulo Guida, dono do recém-inaugurado Antipasti Amici, um bar de quitutes italianos oriundos de receitas de sua família.
Morador das redondezas, Guida escolheu o ponto a despeito da forte concorrência local de comida europeia. Entre as opções então os clássicos Zino Ristorante, o Pasta Nostra, o Fortunato e as pizzarias Suburbanos, Babbo Giovanni e 430º Napoletana, apenas para citar alguns.
Aliás, caminhar pelo bairro em busca de opções gastronômicas pode ser um desafio. Isso porque muitas estão tão escondidas que, num piscar de olhos, uma preciosidade pode passar despercebida.
É o caso das sorveterias Due Due Gelateria, na rua Joaquim Távora, e Walnuts Sorvetes Criativos, na rua Morgado de Mateus, engolidas por grandes condomínios ao redor.
A padaria artesanal Beth Bakery, na rua Paula Ney, pode ser confundida com uma simples casa de bairro, enquanto a minúscula hamburgueria Charles Smash Burguer, na rua Bagé, seria um segredo bem guardado não fosse o toldo e duas mesinhas discretas na calçada.
A versatilidade gastronômica é o ponto alto do bairro, com espaço para culinárias múltiplas, como a oriental, representada pelo boteco Wooza, e a uruguaia, com o Balcón, ambas na rua França Pinto. A comida árabe também tem representantes de peso, entre eles o recentíssimo boteco Bohemian, inaugurado há apenas um mês na mesma rua.
O Brasil conta com o mineiro Gamela e a nordestina Macaxeira, ambos na rua Joaquim Távora. O segundo, inclusive, está localizado na entrada de uma pequena vila de sobrados que é um dos poucos pontos onde as casas conservam a arquitetura original do bairro e sobrevivem à modernização.
Os casarões da década de 1940, em sua maioria, foram parar no chão para dar lugar a prédios e condomínios. As poucas que sobraram foram transformadas em escolas, restaurantes e salões de beleza, e é quase impossível achar um sobrado com uma placa de “vende-se”. Fãs da arquitetura do século passado estão contemplados com o museu da Casa Modernista, na rua Santa Cruz.
Já no quesito cultura, o bairro tem opções como o Instituto Biológico, que abriga festas e feiras, a Cinemateca Brasileira, que sedia festivais e exibe parte de seu acervo em sessões especiais, o Sesc Vila Mariana com programação ativa de peças e shows, e o Comedy Sampa Clube, espaço de stand up que ocupa o endereço que antes pertencia ao Teatro Novo e que já foi da Oficina dos Menestréis, de Oswaldo Montenegro.
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COMES E BEBES
Parrillada Fuego Celeste
Rua Joaquim Távora, 1.068
Jaber Especialidades Árabes
R. Rio Grande, 93
Quinto Pecado Café e Bistrô
R. Áurea, 259
MURAIS
LabOf
Rua Tangará, 132
CINEMA
Cinemateca Brasileira
Largo Senador Raul Cardoso, 207
PASSEIO AO AR LIVRE
Parque Ibirapuera
Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº
BALADAS E CASAS DE SHOWS
Jai Club
R. Vergueiro, 2676, Vila Mariana
Sesc Vila Mariana
R Pelotas, 141
MUSEUS
Instituto Biológico
Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1.252
Casa Modernista
R. Santa Cruz, 235
JAI CLUB
Onde Rua Vergueiro, 2676, Vila Mariana
Telefone (11) 95912-8570
BOWLHOUSE
Onde r. Morgado de Mateus, 652, Vila Mariana
SOFRÊNCIA BAR
Onde av. Conselheiro Rodrigues Alves, Vila Mariana
DONA CHOCÓLATRA
Onde r. Joaquim Távora, 569 – Vila Mariana
BANANA ROSA
Onde r. Joaquim Távora, 695 – Vila Mariana
GALERIA PARAÍSO
Onde r. Joaquim Távora, 490A, Vila Mariana
PARÓQUIA BAR
Onde r. Joaquim Távora, 1139
BAR DO URSO
Onde R. Joaquim Távora, 1141, Vila Mariana
CAVERNA BAR
Onde r. Joaquim Távora, 1181
GORTILA BEER HOUSE
Onde av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1153, Vila Mariana
BRUNO CAVALCANTI / Folhapress