SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Caminhar pelas ruas do labirinto que forma o Beco do Batman, um dos maiores pontos turísticos de São Paulo, na Vila Madalena, região oeste da cidade, é uma experiência de muitos sentidos.
Nas paredes entre as ruas Gonçalo Afonso e Medeiros de Albuquerque, grafites que se renovam de tempos em tempos preenchem os muros de casas e construções que chegaram antes de o espaço ganhar fama, nos anos 2000.
Aos fins de semana, quando barraquinhas de artesanato se espalham pela travessa durante a manhã e a tarde, o cenário se completa com o trânsito de turistas que posam em frente às imagens, compram produtos que incluem bonecas e souvenirs com o nome do lugar e param para comer e beber em restaurantes e bares que se fixaram ali.
Esses estabelecimentos conferem a mistura de cheiros -pastel, milho, pipoca, churrasco e incensos- e sons. Enquanto se bate perna é possível ouvir alguém cantando O Rappa, uma caixinha de som alta com Cyndi Lauper, uma banda se esbaldando no pagode do Sensação ou um homem dedilhando um berimbau.
Na gastronomia, o beco se mostra um microcosmo de Pinheiros e da Vila Madalena, com cafés e pontos dedicados à culinária regional, outros às receitas veganas, hamburguerias e cervejarias artesanais. Pode ainda lembrar uma Embu das Artes -cidadezinha próxima a São Paulo conhecida por sua feira de artesanato- só que cosmopolita.
Embora o fluxo de pessoas ainda seja grande hoje, moradores e comerciantes mais antigos afirmam que o local já viveu o seu auge e ainda não se recuperou da pandemia.
Ceará, que abriu o Bar do Coco em 2011, conta que o movimento caiu muito. “Antes desse vírus, aqui estaria superlotado. Era sábado, domingo e dia de semana. Agora à noite não tem mais ninguém.” João Batista, morador tão antigo que é conhecido como João do Beco, diz que o movimento caiu 50%.
Ainda assim, é no entorno que se percebe mais a efervescência do bairro, com a chegada de novas atrações. De fato, as ruas ao redor, que formam uma espécie de beco expandido, estão mais movimentadas do que antes, segundo aqueles que vivem e trabalham ali.
É o caso das vias Harmonia, Aspicuelta e Medeiros de Albuquerque, que continuam ganhando novidades com frequência. Veja a seguir o que fazer no Beco do Batman e nos seus arredores.
COMES E BEBES
O ponto tem uma gostosa confusão olfativa garantida pelas banquinhas de comida de rua. E também há opções para quem quiser sentar e relaxar.
Exemplo é o Buteco do Edy, com poucas mesinhas dispostas em uma rua fora do beco e um cardápio sem frescura, que destaca as caipirinhas. Na outra saída do espaço, na Harmonia, uma escada desemboca no Coringa do Beco, que serve hambúrgueres com preços a partir de R$ 24.
Os que querem molhar a boca podem experimentar as opções da Madruguinha Coffee Shop -um dos únicos estabelecimentos a abrir às segundas por ali- que serve chopes “canábicos”, que recriam o cheiro e o gosto de maconha sem causar seus efeitos.
**Buteco do Edy** – r. Medeiros de Albuquerque, 234, Vila Madalena, Instagram @butecodoedy
**Coringa do Beco** – r. Rua Harmonia, 68a, Vila Madalena, Instagram @coringa_do_beco. Ter. a qui., das 18h às 22h; Sex., das 18h às 23h; Sáb., das 12h às 23h e dom., das 13h às 22h
**Madruguinha Coffee Shop** – Beco do Batman, Instagram @madruguinhacoffeeshop. Seg. a qui., das 12h às 20h; Sex. e sáb., das 11h às 22h
CONHECER O ENTORNO
O crescimento dos arredores do beco foi bem maior que o do próprio ponto nos últimos anos, o que faz valer a inclusão da exploração dos arredores na visita. A três minutos andando, por exemplo, chega-se ao Bar Alto, inaugurado em dezembro do ano passado, com programação musical e gastronomia de qualidade.
Já neste ano chegou às proximidades o Altar, unidade do restaurante pernambucano de Dona Carmem Virgínia, que por aqui teve a cantora Luísa Sonza incluída como sócia. Por ali ficam espaços como o Corrutela, restaurante do chef Cesar Costa, e a livraria Patuscada, que também é bar e café.
**Altar Cozinha Ancestral** – r. Medeiros de Albuquerque, 270, Vila Madalena, Instagram @restaurantealtarsp. Ter., das 12h às 17h; Qua., das 12h às 22h; Qui. a sáb., das 12h às 23h; Dom., das 12h às 20h
**Bar Alto** – r. Aspicuelta, 194, Vila Madalena, Instagram @baralto.sp. Qua. e qui., das 18h às 0h. Sex., das 18h à 1h; Sáb., das 16h à 1h. Dom., das 16h às 23h
**Corrutela** – r. Medeiros de Albuquerque, 270, Vila Madalena, Instagram @corrutela. Almoço: qua. a dom., das 12h às 16h. Jantar: qua. a sáb., das 19h às 23h
**Livraria Patuscada** – r. Luís Murat, 40, Vila Madalena, Instagram @livrariapatuscada. Ter. a sex., das 11h às 22h; sáb., das 17h às 22h
MÚSICA
Grande parte da atmosfera que dá cara ao Beco do Batman passa pela trilha sonora -é possível ver pessoas tocando violão e cantando na frente de bares a espaços que incluem apresentações de bandas ao vivo em sua programação. Um desses casos é o Becoartes, que faz festinhas de forró aos domingos, às 19h.
Também dá para ouvir pop rock, MPB ou qualquer outro ritmo, a depender de quem toca, no Bar do Cabeça, um boteco pequeno que fica na saída do beco que dá para a rua Harmonia. Ao lado, o Pai do Beco convida músicos de samba e pagode para se enfileirar em frente à sua entrada. Ambos mantêm o público dançando madrugada adentro.
**Bar do Cabeça** – r. Harmonia, 68, Vila Madalena
**Becoartes** – r. Gonçalo Afonso, 99, Vila Madalena, Instagram @becoartes
**Pai do Beco** – r. Harmonia, 40, Vila Madalena, Instagram @paidobeco. Sex., das 20h às 2h; Sáb., das 10h a 1h; Dom., das 10h às 22h
LOJINHAS
Nas banquinhas da feirinha do beco são vendidos cinzeiros, roupas, quadrinhos, bonecas de pano e ímãs, e lojinhas também dão conta de aumentar a quantidade de objetos.
Numa garagem, a loja Casa de Comade, tocada por Vic Machado, por exemplo, oferece camisetas com estampas relacionadas ao ponto turístico por cerca de R$ 129, e joias que saem por cerca de R$ 150, entre outros produtos.
Para os fãs de música, uma opção é a banquinha Cultura na Calçada, que vende vinis e garante a discotecagem de uma das pontas do beco. Outra dica de garimpo é o Brechó Pechinchei, com peças de roupas e calçados de todos os tipos.
**Brechó Pechinchei** – r. Medeiros de Albuquerque, 144, Vila Madalena, Instagram @pechincheibr
**Casa de Comade** – r. Gonçalo Afonso, 111, Vila Madalena, Instagram @comade2020
**Cultura na Calçada** – r. Medeiros de Albuquerque, 162, Vila Madalena, Instagram @culturanacalcada_. Site culturanacalcada.com
GALERIAS DE ARTE
Não é surpresa que o Beco do Batman concentre galerias espalhadas pelas ruas que o cortam e cercam -quem vai apreciar grafites fica a um pulo de comprar ou ver arte também nos espaços fechados.
Uma das mais recentes é a Ziv Gallery, aberta em 2021, que tem murais internos e externos pintados com arte urbana e vende obras e colecionáveis, mas também se dedica a outras frentes, como a gastronomia, a coquetelaria e a música em um café.
Mais nova é a Kobbi Gallery, dos fotógrafos Anderson Nielsen e Eduardo Kobbi, de 2022, que tem acervo com fotos autorais e, no momento, sedia a exposição “Antropologia da Beleza”, de Renato Soares.
Outra opção é passar em uma das duas unidades da Galeria Alma da Rua, que abrem todos os dias da semana e, atualmente, promovem a exposição “De uma Vila à Outra”, de André Kajaman.
**Galeria Alma da Rua** – r. Gonçalo Afonso, 96, e r. Medeiros de Albuquerque, 188, Vila Madalena, Instagram @galeriaalmadarua. Todos os dias, das 10h às 18h
**Kobbi Gallery** – tv. Alonso, 23, Vila Madalena, Instagram @kobbi.gallery. Seg. a sáb., das 9h às 19h
**Ziv Gallery** – r. Gonçalo Afonso, 119, Vila Madalena, Instagram @zivgallery. Seg. a dom., das 10h às 19h. Reservas em reservation-widget.tagme.com.br
LAURA LEWER / Folhapress