Veja os principais números e propostas dos candidatos a prefeito de SP sobre transporte

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – São Paulo é o município brasileiro com a maior frota de veículos de uso individual do país: 9 milhões. Na média, são 76 veículos a cada 100 habitantes, incluindo carros, motos e caminhonetes. O resultado é uma cidade de trânsito lento e caótico, em que o transporte público seria a solução racional de mobilidade.

Em anos recentes, no entanto, diversos prefeitos da capital privilegiaram o recapeamento de ruas e avenidas em detrimento da construção de corredores exclusivos de ônibus à esquerda —cuja quilometragem está praticamente estagnada há uma década.

Veja abaixo alguns dados e as propostas dos candidatos para o transporte público.

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OS PRINCIPAIS NÚMEROS DO TRANSPORTE PÚBLICO

Levantamento feito pela Folha de S.Paulo mostra que gastos com recapeamento ganham tração em anos eleitorais pelo menos desde 2016. Mas foi em 2020 (gestão Doria/Covas) que a prefeitura passou a investir mais em asfalto do que em transporte público.

A tendência se mantém desde então e teve disparo com programa de asfaltamento na gestão Ricardo Nunes (MDB).

A extensão das vias exclusivas para ônibus caminha a passos muito lentos. Corredores à esquerda cresceram apenas 25 km desde 2014, e faixas à direita, 90 km desde 2016. Isso se reflete na lentidão dos coletivos que circulam pela cidade, sem aumento de velocidade.

Paes de Barros, o primeiro corredor de ônibus da cidade de São Paulo, na zona leste, foi inaugurado em 1980 pelo prefeito Reinaldo de Barros (Arena). Desde então, a cidade passou longos períodos sem nenhuma inauguração. Marta Suplicy (PT) foi quem mais avançou nessa política, com 67,8 km entregues.

AS PROPOSTAS DOS CANDIDATOS PARA O TRANSPORTE PÚBLICO

Ricardo Nunes (MDB) – A campanha do candidato citou políticas de sua gestão como a tarifa zero aos domingos e o ônibus aquático da represa Billings, além da construção de 228 km de ciclovias desde 2017, ainda na gestão Doria.

Também destacou a construção de 52 km de faixas de ônibus à direita, e prometeu entregar, “para o futuro”, os BRTs Radial Leste e Aricanduva, um VLT (veículo leve sobre trilhos) no centro histórico da cidade e 2.600 ônibus elétricos.

Guilherme Boulos (PSOL) – O psolista cita aumento nas mortes no trânsito durante a atual gestão e aumento do tempo médio de deslocamento no transporte público. Também menciona reportagem do UOL de que o valor pago pela prefeitura no asfalto varia até 600%.

Se eleito, promete “passar a limpo” os contratos com empresas de ônibus, ampliar faixas exclusivas e corredores, renovar metade da frota de ônibus com veículos elétricos ou híbridos e ampliar a malha cicloviária.

Pablo Marçal (PRTB) – O candidato critica a priorização de investimentos em recapeamento e promete priorizar o transporte público que, na sua visão, deve ser tratado como “espinha dorsal da mobilidade urbana”. Para isso, promete ampliar faixas exclusivas e corredores de ônibus, além de modernizar a frota e criar “hubs de mobilidade”.

Em seu plano de governo, ele fala ainda em criar bolsões de estacionamento e instalar teleféricos em áreas de difícil acesso como favelas.

José Luiz Datena (PSDB) – O apresentador critica a gestão Nunes pelo que chama de falta de critérios na aplicações dos recursos públicos e também menciona reportagem do UOL sobre o preço do asfalto. Além disso, fala em “indústria de multas” e menciona aumento nas mortes no trânsito.

Além de viabilizar o VLT do centro, Datena fala em ampliar as ciclovias, construir corredores de ônibus e auditar contratos com empresas de ônibus para afastar qualquer suspeita de conexão com o crime organizado e a corrupção.

Tabata Amaral (PSB) – Fazendo coro aos demais candidatos, a deputada critica o volume de verba investida em asfalto durante a gestão Nunes. Se eleita, promete expandir os corredores de ônibus para aumentar a velocidade média do transporte coletivo.

Também propõe implementar semáforos inteligentes, regulados de acordo com o trânsito, e painéis eletrônicos que exibam horários de chegada e de partida dos coletivos. Além disso, fala em incluir pontualidade e lotação como critérios para remuneração das empresas.

Marina Helena (Novo) – A candidata propõe “transformar São Paulo em um grande laboratório de inovação do transporte público”, criando um ambiente regulatório experimental para “garantir segurança jurídica a novos serviços de transporte, aluguel, fretamento e compartilhamento”.

Ela também propõe separar a empresa que opera o serviço de ônibus da detentora do capital investido nos veículos, ampliando a concorrência no setor.

JÚLIA BARBON E MARCOS HERMANSON / Folhapress

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