WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que assume o comando do país no dia 20 de janeiro, completou a equipe do primeiro escalão do governo. Entre os escolhidos, há empresários, bilionários, aliados leais e membros do establishment do partido Republicano. Veja os indicados a seguir.
IMIGRAÇÃO
Donald Trump disse que fará a maior deportação em massa da história e escolheu duas pessoas alinhadas às suas ideias para cuidar da área. Veja quem são:
**Tom Homan | diretor do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE, na sigla em inglês)**
Homan já havia comandado o serviço de migração no início do primeiro mandato de Trump. Ao retomá-la, deve reforçar a política migratória conservadora que ajudou a eleger o republicano.
O futuro diretor foi um dos responsáveis pelas medidas que separaram as famílias de migrantes com o intuito de convencê-los a mudar de ideia. Durante sua gestão, quase 4.000 crianças foram enviadas para centros de detenção e separadas de seus parentes.
**Stephen Miller | vice-chefe de gabinete**
Miller é um dos principais assessores de Trump e, a partir do próximo ano, deve ser vice-chefe de gabinete da política na Casa Branca. O escolhido é um dos nomes por trás da ideia de deportação em massa -tema caro à campanha republicana- e das políticas restritivas de imigração no país.
ECONOMIA
Trump quer reduzir impostos para os americanos e pretende ampliar a taxação sobre produtos importados, sobretudo da China. Veja quem vai cuidar da área:
**Scott Bessent | Departamento do Tesouro**
Scott Bessent, investidor bilionário e um dos principais conselheiros econômicos de Donald Trump, foi indicado para liderar o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos. Apoiador das tarifas comerciais e dos cortes de impostos propostos pelo presidente eleito, Bessent terá a missão de comandar a pasta responsável pela arrecadação tributária, regulação financeira e administração da dívida pública, atualmente avaliada em US$ 28,6 trilhões.
**Howard Lutnick | secretário do Comércio**
O bilionário Howard Lutnick foi escolhido para o cargo de secretário do Comércio no governo Trump. Ele é um dos coordenadores da equipe de transição do republicano. Presidente da corretora e banco de investimentos Cantor Fitzgerald, o empresário era cotado para ser o secretário do Tesouro.
O escolhido por Trump compartilha com o republicano o entusiasmo por criptomoedas. Lutnick é amigo antigo do republicano e já apareceu no reality show O Aprendiz, além de ter sido um dos principais doadores da campanha do presidente eleito.
Em entrevistas, o bilionário indicou ser a favor da imposição de altas tarifas para produtos importados. À CNBC em setembro, ele disse ser importante “proteger o trabalhador americano”.
RELAÇÕES EXTERIORES
O presidente eleito indica querer adotar uma política protecionista e encerrar a guerra entre Ucrânia e Rússia.
**Marco Rubio | secretário de Estado**
Marco Rubio tem ascendência cubana, é senador pelo estado da Flórida e, durante as primárias republicanas, tinha sido cotado para concorrer como vice-presidente de Trump -à época, perdeu a disputa para o vice eleito, J. D. Vance.
Rubio será secretário de Estado no segundo mandato do republicano, o que é equivalente ao ministro das Relações Exteriores no Brasil. A diplomacia internacional americana será comandada pelo senador enquanto o país se envolve nas guerras do Oriente Médio -com apoio a Israel- e na Ucrânia -com apoio a Kiev. O próximo secretário também já expressou fortes críticas contra Irã e China, além de se posicionar contra os regimes de Cuba e da Venezuela.
SAÚDE
Trump já colocou em dúvida a eficácia de vacinas e escolheu um aliado ainda mais desconfiado da imunizaçã o para a área. Veja:
**Robert F. Kennedy Jr. | secretário de Saúde**
O bilionário Howard Lutnick foi escolhido para o cargo de secretário do Comércio no governo Trump. Ele é um dos coordenadores da equipe de transição do republicano. Presidente da corretora e banco de investimentos Cantor Fitzgerald, o empresário era cotado para ser o secretário do Tesouro.
O escolhido por Trump compartilha com o republicano o entusiasmo por criptomoedas. Lutnick é amigo antigo do republicano e já apareceu no reality show O Aprendiz, além de ter sido um dos principais doadores da campanha do presidente eleito.
Em entrevistas, o bilionário indicou ser a favor da imposição de altas tarifas para produtos importados. À CNBC em setembro, ele disse ser importante “proteger o trabalhador americano”.
EDUCAÇÃO
Trump já ameaçou cortar financiamentos a universidades que mantenham departamentos de “diversidade” e gerar temor sobre interferência nos currículos. Veja a responsável pelo setor:
**Linda McMahon | secretária da Educação**
Trump anunciou a escolha da ex-CEO da empresa de luta livre WWE Linda McMahon para o cargo de secretária da Educação. Aliada de longa data do presidente eleito, ela chefiou a agência do governo americano que apoia pequenas empresas durante o primeiro mandato do republicano.
Linda foi uma das principais doadoras da campanha presidencial de Trump e é presidente do instituto America First.
Nos últimos dias, seu nome sofreu um desgaste após vir à toa um processo judicial no qual é acusada de negligência por supostamente não ter agido para punir um funcionário acusado de abuso sexual infantil na década de 1980. Ela nega a acusação.
REDUÇÃO DO ESTADO
Trump criou um órgão que atuará como consultivo para reduzir a burocracia do governo e cortar despesas. Para isso, fez escolhas recheadas de conflito de interesse. Veja:
**Elon Musk | chefe do Departamento de Eficiência Governamental**
Elon Musk, dono do X, Tesla e SpaceX, ocupará o cargo de chefe do novo Departamento de Eficiência Governamental, junto com Vivek Ramaswamy, ex-adversário de Trump nas primárias do Partido Republicano.
O órgão será criado por Trump e terá a sigla DOGE -provável referência à criptomoeda Dogecoin, apoiada por Musk em diversas ocasiões. Segundo Trump, o objetivo do órgão será realizar reformas estruturais de grande porte e criar uma “visão empresarial para o governo nunca antes vista”.
**Vivek Ramaswamy | chefe do Departamento de Eficiência Governamental**
Junto com Musk, Vivek Ramaswamy deve chefiar o novo Departamento de Eficiência Governamental. Ramaswamy é bilionário, filho de indianos, e concorreu com Trump para ser o candidato republicano no pleito nacional. Após perder, declarou apoio a Trump, que já chamou de “o melhor presidente americano do século 21”.
Ramaswamy começou a ganhar projeção nos últimos dois anos criticando a adesão de empresas a causas sociais e políticas. Durante as primárias do Partido Republicano, se destacou ao “encarnar Trump”, segundo analistas. Negar o aquecimento global, defender que existem apenas dois gêneros e dizer que existe uma crise de famílias sem pais porque o governo paga benefícios a mães solteiras foram alguns dos seus pontos altos.
JUSTIÇA
Trump prometeu durante a campanha investigar advogados e procuradores que o processaram por uma série de crimes. Veja quem pode levar a promessa adiante:
**Pam Bondi | secretária de Justiça**
A ex-procuradora geral da Flórida Pam Bondi foi indicada para o cargo de secretária de Justiça dos EUA. Bondi preenche a lacuna deixada pelo deputado republicano Matt Gaetz, que foi indicado ao cargo por Trump mas retirou seu nome poucos dias depois. O nome de Gaetz foi criticado por lideranças republicanas, e enfrentava o risco de ter a nomeação negada pelo Senado em meio a acusações de má conduta sexual.
Aliada de Donald Trump, Pam Bondi desempenhou um papel significativo em sua defesa durante o processo de impeachment em 2019, ocorrido durante seu primeiro mandato presidencial. Bondi liderou a ala jurídica do think tank America First Policy Institute, onde auxiliou na elaboração de estratégias e processos para contestar os resultados das eleições em estados decisivos, caso Trump fosse derrotado.
O departamento de Justiça é o equivalente ao Ministério Público brasileiro; sob o comando da pasta, estão diversas agências importantes, como o FBI, a polícia federal americana, e o DEA, antidrogas.
A atuação de Bondi será fundamental para garantir que Trump cumpra seus principais objetivos políticos, como a deportação em massa de imigrantes ilegais e o perdão aos manifestantes do ataque ao Capitólio em 6 de janeiro. A presença de Bondi no cargo também deve tranquilizar Trump, que diz ser perseguido pela atual gestão do órgão, comandado por Merrick Garland.
POLÍTICA
Trump escolheu uma dama de ferro para gerir seu gabinete, com o poder de interferir em estratégias ligadas a uma série de áreas no governo. Veja:
**Susie Wiles | chefe de gabinete**
Wiles foi a primeira escolha anunciada por Trump após reeleito e será a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe de gabinete da Presidência dos EUA. Ela foi codiretora da campanha vitoriosa republicana e representa uma força mais organizada e disciplinada para o próximo mandato do empresário.
A “dama de gelo”, nas palavras de Trump, é uma velha operadora política da Flórida. Quando a carreira política de Trump parecia acabada, após a invasão do Capitólio em 2021, Wiles aceitou o convite de Trump para ser seu braço direito. Ela é creditada como a pessoa responsável por manter -o tanto quanto possível- o empresário focado na estratégia e contornar seus arroubos mais danosos.
JULIA CHAIB / Folhapress