Veja se vale a pena financiar um imóvel antes da queda de juros

Redação

Quem planeja financiar a casa própria nos próximos meses está atento à possível redução da taxa básica de juros. Economistas projetam um corte de 0,25 ponto percentual na Selic para a semana que vem, quando ocorre a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).

Utilizada pelo Banco Central para controlar a inflação, a taxa saiu de 2% em janeiro de 2021, e está há um ano em 13,75%. A alta da Selic encarece e dificulta o crédito imobiliário pelo bancos, pressionados pelas fugas recordes de recursos da poupança.

A decisão sobre o momento de entrar em um financiamento deve ir além da espera por uma possível queda da Selic, segundo especialistas. Para eles, o momento certo é após um planejamento financeiro cuidadoso.

“É claro que o potencial de queda da Selic tem um impacto importante, uma vez que configura um custo de operações de empréstimos, inclusive financiamentos imobiliários, mas é fundamental avaliar caso a caso”, afirma Pedro Tenório, economista do DataZAP+.

“Se encontrar uma boa opção agora, pode ser mais vantajoso fechar o negócio já, mesmo com taxas mais elevadas, do que esperar a queda”, diz.

Carlos Nogueira, diretor da Credihome by Loft, diz que não existe um momento ideal para a compra de um imóvel, mas sim o que mais vai se adequar às necessidades de cada pessoa ou família. “Para algumas pessoas, esperar não é uma opção. O mais importante é que se pondere sobre o momento de vida, a renda familiar e quanto pode ser comprometido dessa renda”, afirma.

A dica do especialista para descobrir se vale a pena financiar o imóvel é considerar o custo total da compra —como valor do imóvel, juros das parcelas, taxas de aquisição— e fazer comparativos com os aluguéis. As principais instituições bancárias oferecem o serviço de simulação para o futuro comprador verificar se é a hora de financiar a casa própria e em quais condições de pagamento.

Quem já tem um financiamento imobiliário ou está fechando negócio agora pode, em um futuro cenário de redução das taxas, renegociar a dívida solicitando a portabilidade para uma outra instituição que ofereça condições mais vantajosas de pagamento.

Embora a Selic seja referência para o mercado de juros, o custo do crédito imobiliário não subiu na mesma proporção. Segundo a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), quando a Selic estava em 2% ao ano, os bancos cobravam uma taxa de juros de 7% ao ano nos financiamentos habitacionais. Hoje, esta taxa está em torno de 10%.

O maior impacto da Selic para o comprador está no valor de entrada e na renda mínima exigidos para o financiamento de um imóvel. Quanto mais alta a taxa, mais caras tendem a ficar as parcelas dos financiamentos imobiliários e maior será a renda familiar exigida pelos bancos. No geral, as instituições determinam que a prestação não exceda 30% da renda mensal do comprador.

7 PASSOS NA ESCOLHA DE FINANCIAR A CASA PRÓPRIA

1. Analisar o cenário financeiro da família

O financiamento não deve exceder 30% da renda mensal da família

É preciso avaliar cuidadosamente a capacidade de fazer um pagamento inicial e assumir o compromisso de um financiamento imobiliário, que dura décadas

Vale fazer uma boa reserva para conseguir pagar uma entrada maior, em vez do percentual mínimo de 20%

2. Olhar o cenário econômico do país

As parcelas do financiamento serão impactadas pelos juros determinados pelo banco no momento da contratação do crédito

É importante tentar entender as perspectivas futuras em relação à Selic, que funciona de bússola para os bancos definirem suas taxas de juros

Se houver indicações de que a Selic cairá em curto prazo, pode ser vantajoso esperar que os bancos reduzam suas taxas também

No entanto, prever queda nos juros é incerto, e esperar por uma redução pode fazer o mutuário perder oportunidades de compra

3. Acompanhar o valor do imóvel

Após saber quanto poderá pagar por mês pelo imóvel e quanto conseguirá de crédito no banco, é hora de conferir o valor do metro quadrado das regiões onde deseja comprar a casa própria

– A pesquisa pode ser feita por meio das imobiliárias da região e em sites especializados

– O acompanhamento pode indicar o melhor momento da compra se encontrar uma propriedade com um preço razoável e que atenda às necessidades da família, independentemente de um corte na taxa de juros

4. Analisar o mercado imobiliário

Se o mercado estiver aquecido e houver uma demanda crescente por imóveis, esperar por uma queda na Selic pode não ser vantajoso, pois os preços das propriedades podem subir rapidamente

Avaliando o mercado é possível identificar diferentes cenários em uma mesma cidade

Em regiões que passam por uma forte valorização do metro quadrado pode ser vantajoso fazer um financiamento agora, com taxas ainda elevadas, mas pagando um valor menor no imóvel

5. Avaliar o custo de oportunidade

Esperar por uma queda nas taxas de juros pode significar pagar aluguel por mais tempo, o que pode sair mais caro do que o custo adicional que economizaria com juros menores

Depois de assinado o contrato, há a opção de fazer a portabilidade do financiamento para outra instituição que ofereça condições melhores

Se as taxas de juros, de fato, diminuírem, são grandes as chances de encontrar opções mais vantajosas no mercado

6. Negociar condições de financiamento

A SELIC é usada como referência pelos bancos para a cobrança de juros no crédito, mas as taxas variam entre as instituições

Para saber qual banco tem a menor taxa de juros para financiamento imobiliário no momento basta fazer simulações nos sites das instituições e comparar as propostas

Pelo site do BC é possível verificar as taxas de juros de financiamento imobiliário para pessoa física.

– Além das taxas de juros, as instituições têm ofertas distintas de pagamento

– Alguns bancos menores ou cooperativas de crédito também podem oferecer condições vantajosas para financiamento imobiliário

7. Escolher a forma de pagamento

Comparar o CET (Custo Efetivo Total) de todas as linhas de crédito oferecidas pelos bancos pode render o menor valor da parcela; assim como conhecer as linhas de crédito oferecidas

As parcelas do financiamento podem ser corrigidas pela TR (Taxa Referencial) ou pelo IPCA, o índice oficial da inflação, e amortizadas pelo sistema Price ou pelo SAC

Nos contratos corrigidos pelo IPCA, a taxa de juros costuma ser mais baixa, porém as parcelas não são fixas e podem sofrer alterações de acordo com as variações dos juros

Na amortização, a principal diferença entre tabela Price e tabela SAC está na forma de diminuição gradativa da dívida

Na SAC, as prestações são mais altas no início e menores no final porque há uma diminuição progressiva dos juros. Especialistas recomendam essa opção

Na tabela Price, as parcelas começam mais baixas, mas são fixas durante todo o período do financiamento

Muitas pessoas preferem fechar o contrato com o máximo de parcelas possíveis na expectativa de amortizar anualmente várias parcelas e diminuir o prazo e o valor final

A cada dois anos é possível utilizar o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para a amortização, reduzindo o saldo devedor

Fontes: DataZap+, Grupo Loft e Serasa Crédito

ANA PAULA BRANCO

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