SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela classificou nesta quinta-feira (24) de agressão o veto do Brasil à inclusão de Caracas como parceiro do Brics. Ao longo da cúpula em Kazan, na Rússia, que terminou nesta quinta, o governo do presidente Lula (PT) atuou contra pressões dos anfitriões e conseguiu barrar a adesão da ditadura comandada por Nicolás Maduro.
“A chancelaria brasileira decidiu manter o veto que Jair Bolsonaro aplicou contra a Venezuela durante anos, reproduzindo o ódio, exclusão e intolerância promovidos a partir dos centros de poder do Ocidente”, disse o Ministério em nota, dizendo que a ação “constitui uma agressão e um gesto hostil que se soma à política criminosa de sanções que foram impostas contra o povo valente e revolucionário da Venezuela”.
A lista de países incluídos como parceiros do Brics, que não têm os direitos e deveres dos membros plenos, foi divulgada na quarta (23) e inclui Cuba, Bolívia, Argélia, Nigéria, Uganda, Malásia, Indonésia, Vietnã, Tailândia, Cazaquistão, Uzbequistão, Turquia e Belarus.
A chancelaria de Maduro disse ainda que “o povo venezuelano sente indignação e vergonha por esta agressão inexplicável e imoral da chancelaria brasileira, mantendo o pior das políticas de Jair Bolsonaro contra a Revolução Bolivariana”.
Nesta quinta, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que diverge do Brasil em relação à entrada da Venezuela, mas que o país latino-americano só poderá ingressar no Brics se houver consenso entre seus membros.
“Nós sabemos a posição do Brasil. Nós não concordamos, a Venezuela está lutando por sua sobrevivência”, disse o russo em uma entrevista coletiva na quinta. Ele disse que discutiu o tema com Lula quando ambos se falaram ao telefone nesta semana, depois que o petista não pôde viajar por ter batido a cabeça numa queda doméstica.
Brasília e Caracas atravessam um dos pontos mais baixos da sua relação bilateral depois que o órgão eleitoral da Venezuela declarou Maduro vencedor das eleições presidenciais apesar de fortes indícios de fraude. O governo Lula nunca reconheceu a suposta vitória do ditador e chegou a sugerir a realização de novas eleições, ideia rejeitada tanto pelo regime quanto pela oposição, que afirma ter sido vitoriosa.
Maduro apareceu de surpresa na cúpula em Kazan a fim de pressionar pela inclusão de seu país e discursou como se tivesse sido aceito no bloco, buscando ignorar o Brasil. “A Venezuela faz parte da família do Brics.” O ditador estava lá como um dos convidados do bloco que participaram da sessão ampliada da cúpula ele havia enviado sua vice, Delcy Rodriguez.
Redação / Folhapress