SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Venezuela confirmou nesta segunda-feira (16) a prisão de um militar argentino acusado de viajar ao país “em uma missão” para desestabilizar o regime. O caso aumenta a tensão diplomática entre os países, crescente desde a eleição do ultraliberal Javier Milei, há pouco mais de um ano.
A prisão foi anunciada por Diosdado Cabello, o ministro do Interior venezuelano e influente dirigente chavista. “O que ele estava vindo fazer na Venezuela? Qual era a tarefa dele aqui? Eles [argentinos] não dizem, mas provavelmente vamos falar em algum momento”, afirmou, sem detalhar a missão da qual ele estaria envolvido. “Aqueles que vêm para conspirar, que assumam sua responsabilidade.”
O policial argentino Nahuel Agustín Gallo foi detido na semana passada após entrar em território venezuelano através de um posto de fronteira terrestre na divisa com a Colômbia. O governo da Argentina afirma que ele pretendia visitar parte da família no estado de Táchira, no sudoeste da Venezuela. Também diz que a detenção ocorreu “sem motivo legítimo algum”.
“O doloroso é que não sabemos onde ele está, não nos dão notícias dele, nada”, disse na última sexta (13) o irmão do policial, Kevin Gallo, em uma entrevista ao canal de televisão local TN.
O caso ocorreu na mesma semana em que o chanceler argentino, Gerardo Werthein, exigiu ao ditador Nicolás Maduro, perante a Organização dos Estados Americanos (OEA), que conceda salvo-condutos aos seis opositores venezuelanos que estão asilados desde março na embaixada argentina em Caracas.
No sábado (14), na primeira vez que o grupo falou de forma pública, os asilados disseram que racionamento de água e a presença de franco-atiradores nos arredores da embaixada se tornaram rotina.
Com um discurso cauteloso frente ao receio de esgarçar a relação com a ditadura de Maduro, o Brasil também voltou a pedir que Caracas dê salvo-conduto, a permissão de que eles saiam do país sem que sejam presos.
O Brasil assumiu os cuidados da sede e, portanto, dos asilados, desde que em 29 de julho, um dia após a contestada reeleição de Maduro, o regime expulsou o pessoal diplomático argentino do país. A ditadura tentou retirar a gestão brasileira do prédio, mas Brasília se opôs.
Além de denunciar a “prisão ilegítima” do policial, o governo argentino condenou na semana passada a “detenção arbitrária e injustificada” de um funcionário local da embaixada em Caracas. Em nota, afirma que se trata de uma violação das normas internacionais que garantem a inviolabilidade das sedes diplomáticas e a proteção de seu pessoal, e exigiu sua libertação.
O ministério das Relações Exteriores da Argentina não identificou o funcionário da embaixada nem deu detalhes sobre as circunstâncias de sua detenção.
Em seu pronunciamento, Diosdado Cabello, o dirigente chavista, ainda atacou a ministra da Segurança argentina, Patricia Bullrich, chamando-a de fascista. “Nós estamos sendo ameaçados pela fascista Patricia Bullrich”, disse, em referência à fala da política de que a prisão de Gallo “será motivo de guerra”.
Redação / Folhapress