SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um grupo de pessoas exiladas da Venezuela se reuniu nesta terça-feira (10) em frente ao Congresso da Espanha, em Madri. Junto com a filha de Edmundo González -candidato opositor ao regime de Nicolás Maduro, que se exilou na Espanha e afirma ter ganhado a eleição-, os manifestantes pedem o reconhecimento da vitória da oposição por parte do governo espanhol.
Até o momento, o governo de Pedro Sanchéz se posicionou de acordo com os pronunciamentos da União Europeia, pedindo a divulgação das atas eleitorais. O regime de Maduro não divulgou os documentos desde a realização do pleito, em 28 de julho, devido a um suposto ataque cibernético. A oposição afirma ter havido fraude no processo.
Os deputados espanhóis debateram nesta terça-feira uma proposta para o reconhecimento de González como presidente eleito da Venezuela. A expectativa é que a votação ocorra na quarta-feira (11) e seja favorável à oposição venezuelana.
A filha do líder da oposição, Carolina González, leu uma carta em nome do pai. “Compatriotas, não desanimem que não os decepcionarei. A vontade do povo expressa em 28 de julho tem que ser respeitada e nós a faremos respeitar”.
Os membros da oposição Antonio Ledezma e Leopoldo Lopez, que também já se exilaram na Espanha, afirmaram à agência de notícias Reuters que o líder do movimento continuará sendo uma “voz muito clara” nas discussões pelas mudanças em seu país.
González não é visto publicamente desde sua fuga para a Espanha, no último domingo. Ledezma, antigo líder da oposição e ex-prefeito da capital Caracas, afirmou que o político está “seguro, livre e vivo” e “se estabilizando”. Segundo ele, o exílio fortaleceria sua causa, já que “Edmundo estará livre, não ficará confinado entre quatro paredes, como na Venezuela, e poderá liderar a luta pela liberdade liderando a diáspora”.
López, que foi preso em 2014 por liderar protestos contra Maduro, afirmou que sanções dos Estados Unidos e da União Europeia ao regime venezuelano podem ajudar na transição do governo. “Hoje Maduro tem uma linha de oxigênio por causa das licenças que permitiram que empresas americanas e europeias extraíssem e vendessem petróleo venezuelano a preço integral.”
As autoridades eleitorais do regime afirmam que Maduro venceu a eleição com 52% dos votos, ante 43% de González. A oposição, no entanto, fez um levantamento de atas eleitorais obtidas no dia do pleito e afirmou que houve fraude. Segundo a reunião paralela dos dados, chancelada por órgãos internacionais, o líder opositor teria vencido a eleição com 67% dos votos, contra 30% de Maduro.
Na carta de González lida nesta terça-feira, o líder afirma que “essa luta continuará até atingirmos nossos objetivos, até o fim”. A porta-voz do Congresso espanhol, Pilar Alegria, ainda declarou: “[Continuaremos] trabalhando em soluções para melhorar a democracia na Venezuela e, claro, aprovar o asilo solicitado por Edmundo González e sua esposa”.
Redação / Folhapress