SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O vice-ministro da Defesa da Coreia do Sul responsabilizou na noite desta quarta-feira (4), manhã de quinta no horário local, o agora ex-titular da pasta Kim Yong-hyun pelo envio de tropas à Assembleia Nacional logo depois de o presidente decretar uma lei marcial.
O ex-ministro Kim pediu demissão após o recuo da medida que mergulhou o país em uma das piores crises de sua história moderna. Em comunicado, ele lamentou a “confusão e preocupação causadas ao povo” e assumiu responsabilidade pelo decreto. “Assumo total responsabilidade por todos os assuntos relacionados à lei marcial e apresento minha renúncia.”
Kim Seon-ho, o vice-ministro da Defesa, afirmou que Kim Yong-hyu ordenou o envio das forças de segurança ao Parlamento para impedir que os legisladores entrassem no plenário durante a lei marcial.
O vice-ministro afirmou ainda que se opôs à mobilização das forças de segurança, porém sem sucesso. Kim Yong-hyu, por sua vez, não havia se manifestado sobre as declarações.
A lei marcial, que pegou a nação de surpresa na terça (3), suspendeu atividades políticas e baniu liberdades civis durante as horas que ficou em vigor. Na madrugada de quarta (tarde no Brasil), sob pressão, o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, suspendeu a ação que havia sido anunciada por ele.
Questionado sobre quem escreveu o decreto, o vice-ministro Kim Seon-ho disse que não podia confirmar o nome, mas que o “ato não veio” do Ministério da Defesa, segundo a agência de notícias Yonhap.
O presidente Yoon aceitou a renúncia de Kim Yong-hyun nesta quinta. O futuro do líder no governo, porém, continua em aberto. Segundo o jornal Chosun Ilbo, a principal legenda da oposição, o Partido Democrata, articula a votação do impeachment para as 19h (no horário local) do próximo sábado (7).
Ao longo desta quinta, seis partidos de oposição apresentaram um pedido de impeachment contra Yoon, que já enfrentava acusações relacionadas a ações autoritárias de seus oponentes e de dentro de seu próprio partido.
Yoon disse à nação em um discurso televisionado que a lei marcial era necessária para defender o país de forças antiestatais pró-Coreia do Norte e proteger a ordem constitucional livre, sem citar ameaças específicas.
A estratégia de rotular críticos como “forças totalitárias comunistas” foi adotada pelo presidente sul-coreano nos últimos meses, à medida que suas taxas de aprovação caíam para algo em torno de 20% e após a oposição capturar quase dois terços dos assentos na Assembleia em uma eleição de abril.
Redação / Folhapress