RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Luisa Arraes, 30, vinha flertando com uma vilã há um tempo. Seria a sua primeira em 12 anos de carreira na teledramaturgia e aí veio a personagem Blandina, na novela “No Rancho Fundo” (Globo). Para ela, o timing foi perfeito, assim como as características do papel “O que mais gosto é essa vontade que ela tem de dominar o mundo. Blandina é ambiciosa, divertida e humana”, avalia.
A atriz concorda que fica difícil enxergar humanidade em uma pessoa que só pensa em se dar bem em tudo, mas ela logo defende sua personagem. “Claro que soa contraditório, mas ela não tem aquela vilania típica de uma vila da novela das nove, por exemplo. Cruel, psicopata, maquiavélica… Não. Ela é cheia de falhas e isso que é o interessante da Blandina”, aponta.
Ainda com três meses previstos de novela no ar (a substituta será “Garota do Momento”, de Alessandra Poggi), Luisa prefere manter o suspense em relação a uma redenção da personagem. “Acredito que não, e já me perguntaram se era possível uma paixão por Zé Beltino (Igor Fortunato) e aí ela ‘ficaria boa’ (risos). Eu até torço por eles. De verdade. Mas a prioridade da Blandina não é homem nenhum. Ela quer o melhor e dar uma vida boa para a mãe Castorina (Fátima Patrício) e a amiga Dracena (Nina Tomsic)”.
Filha do cineasta Guel Arraes e da atriz Virginia Cavendish, Luisa já se incomodou com a possibilidade de ser vista como uma nepobaby. [segundo o dicionário Collins, “uma pessoa, especialmente na indústria do entretenimento, cuja carreira acredita-se ter sido impulsionada por pais famosos.”]. “Quando eu comecei, me cobrava demais. Cobrança minha mesmo. Queria provar que poderia e merecia estar ali, sim, e não me divertia trabalhando. Hoje, a coisa mudou de figura. Me divirto muito. É uma prioridade total: me divertir”.
Ela também reconhece ser obcecada por trabalho (herança dos pais) e isso explica as várias produções cinematográficas ainda no forno como “O Diabo na Rua no Meio do Redemunho”, dirigida por Bia Lessa e baseado no livro “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, previsto para estrear em agosto, e “O Homem de Ouro”, de Mauro Lima, ainda sem previsão de entrar no mercado.
Recentemente, ela ainda teve dois filmes lançados: “Transe”, longa de Carolina Jabor e Anne Guimarães, e “Grande sertão”, releitura contemporânea e urbana”, do pai, Guel Arraes. ” Acredito que todo personagem revela sobre nós e por isso estamos sempre querendo uma coisa diferente do que vivemos”.
ANA CORA LIMA / Folhapress