Violência após eleições nos EUA preocupa 7 em cada 10 americanos, diz estudo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O estresse gerado pelas eleições presidenciais nos Estados Unidos neste ano é maior do que o registrado em 2016, segundo uma pesquisa promovida pela Associação Americana de Psicologia (APA) e divulgada na terça-feira (22). Em níveis similares aos da eleição de 2020, o sentimento neste ano é de receio coletivo quanto às consequências do resultado.

Entre os entrevistados, 72% afirmaram se preocupar com a violência que pode acompanhar o fim da corrida eleitoral. Além disso, mais da metade dos eleitores (56%) disseram acreditar que esse pleito pode representar o fim da democracia nos EUA.

A pesquisa ouviu 3.305 pessoas maiores de 18 anos, moradoras dos EUA, entre 1º e 23 de agosto de 2024. Os entrevistados foram questionados acerca do que acreditam ser fontes significativas de estresse em suas vidas. O fator mais comum é o futuro do país (77%), que se relaciona diretamente com os dois itens seguintes no ranking: a economia (para 73%) e as eleições presidenciais (69%).

A disputa do republicano Donald Trump contra a democrata Kamala Harris gera estresse ao eleitorado de maneira semelhante à disputa de 2020, de Trump contra o democrata Joe Biden; à época, o fator era considerado estressante para 68% dos entrevistados. Já em comparação com a disputa de Trump com a democrata Hillary Clinton, em 2016, o nível é menor: 52% declaravam sentir estresse com a corrida à época.

O levantamento conduzido pela The Harris Poll, em nome da APA, buscou investigar a origem dessas diferenças. Segundo os dados obtidos, 32% afirmam que o clima político atual causou atrito entre familiares e amigos, e 30% declaram limitar seu tempo com a própria família por divergência de valores.

“Por quase uma década, as pessoas enfrentaram um clima político altamente carregado, o que levou à erosão do discurso civil e prejudicou nossos relacionamentos com amigos e familiares. Mas nos isolar de nossas comunidades é uma receita para adicionar mais estresse às nossas vidas”, disse Arthur Evans Junior, diretor da APA.

Os dados obtidos ainda revelam uma falta de certeza dos entrevistados: 54% afirmam ter pouca ou nenhuma confiança no próprio governo, e 41% dizem que a atual situação dos EUA os fez considerar uma mudança de país.

A pesquisa segregou os dados relativos aos entrevistados democratas, independentes e republicanos. Em geral, as respostas são semelhantes independentemente da filiação partidária tanto em relação ao futuro da nação quanto em respeito ao equilíbrio dos poderes e à representação política.

Apesar do estresse coletivo, os números apontam que esse contexto alavancou o ativismo e a participação política. Entre os respondentes, 77% afirmam pretender votar neste ano, e 51% relatam se sentir mais compelidos a apoiar causas que valorizam –no ano anterior à eleição de 2020, 45% relatavam o mesmo.

O cenário acirrado e o estresse coletivo estabelecem uma relação de causa e consequência não muito clara. Os números mostram, porém, que 61% afirmam sentir esperança nas mudanças advindas desta eleição. O número é ainda maior entre aqueles que têm a segurança pessoal como um estressor mais expressivo: 64% das pessoas negras e latinas afirmam ter esperança de que a eleição represente um futuro melhor e mais inclusivo.

GABRIEL BARNABÉ / Folhapress

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