SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em Portugal, em trânsito de volta ao Brasil depois de ter sido expulsa da delegação do Brasil nas Olimpíadas de Paris, a nadadora Ana Carolina Vieira, dos revezamentos dos nados livre e medley, disse que comprovará que foi vítima de uma injustiça.
“Eu vou provar tudo, que eu não tive má conduta nenhuma”, afirmou em rede social a atleta de 22 anos, que nada pelo Esporte Clube Pinheiros, de São Paulo. “Eu vou falar tudo, falar com advogados. Prometo falar tudo.”
A expulsão teria ocorrido depois de uma discussão ríspida dela com a comissão técnica. O motivo teria sido a decisão de retirar a nadadora Mafê Costa, sétima colocada nos 400 m livre nestas Olimpíadas, da equipe de revezamento, para que focasse somente nas disputas individuais.
Ana Carolina teria ficado insatisfeita com isso, já que o revezamento ficaria enfraquecido, e confrontado rispidamente integrantes da comissão. A Folha apurou que o entrevero foi feio, com “gritos e dedos na cara”.
Essa atitude agressiva, aliada ao fato de ela e o namorado, o também nadador Gabriel Santos (do revezamento 4 x 100 m livre), terem deixado a Vila Olímpica sem autorização, teria resultado na decisão de exclusão de Ana Carolina do Time Brasil. Gabriel recebeu uma advertência.
“Além desse fato [a saída da Vila], a atleta Ana Carolina, de forma desrespeitosa e agressiva, contestou decisão técnica tomada pela comissão da seleção brasileira de natação”, diz comunicado divulgado pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil) na manhã deste domingo (28).
Na mensagem em vídeo dirigida a seus seguidores, a nadadora declarou que “a partir do momento que anunciaram que eu estava fora [da delegação brasileira), por más condutas, não consegui contato com ninguém”.
“Eu não consegui ter contato com ninguém, em nenhum momento eu consegui ficar sozinha”, prosseguiu a nadadora. “Tinha uma moça me acompanhando o tempo todo. Pedi para ela deixar eu falar com o psiquiatra, ela não deixou em nenhum momento. Eu falei ‘eu quero uma água’, e eu não podia ir pegar.”
“Saí de lá [da Vila Olímpica], deixei meus materiais, não sabia o que fazer. Eu fui para o aeroporto de shorts, tive que abrir minha mala toda no aeroporto. Eu estou desamparada, não tive acesso a nada.”
Ana Carolina não identificou quem era a moça que ela disse que a acompanhava durante o desligamento do Time Brasil, mas que ela a orientou a “entrar em contato com os canais do COB”.
Nesse momento de sua fala em rede social, a nadadora expôs que tinha conhecimento de um caso de assédio, não solucionado, na equipe nacional de natação. Não explicitou, porém, se aconteceu com ela ou com outra pessoa.
“Como eu vou entrar em contato com os canais do COB, sendo que eu já fiz uma denúncia e nada foi resolvido? De assédio, dentro da seleção.”
Ana Carolina concluiu afirmando estar “triste, nervosa, mas com o coração em paz”. “Eu sei quem eu sou, do meu caráter, da minha índole, e é isso que importa”.
Procurado para comentar as declarações da nadadora, o COB não se manifestou. A reportagem tentou contato com a assessoria da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) -a entidade não respondeu até a publicação deste texto.
Redação / Folhapress