Willian Lima explica seu diferencial e detalha gastos de um atleta de elite

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Willian Lima, prata na categoria até 66kg e bronze por equipes mistas no judô dos Jogos Olímpicos, detalhou aspectos que o fizeram se destacar em Paris.

“Se fizer só o arroz com feijão, vai ser um atleta mediano”. Em entrevista ao programa Os Donos da Bola, da TV Band, Willian Lima atribuiu seu sucesso no judô à constante busca por extrair o melhor de si, seja nos cuidados na saúde ou nos treinamentos.

“Meu pai me forjou com um elemento a mais”. O atleta de 24 anos detalhou que sua jornada competitiva no judô remonta à infância, e que desde aquela época buscava treinar o máximo possível.

“Acho que não tem fórmula, não tem uma receita secreta. Meu pai sempre me ensinou, ele me forjou com um elemento a mais. Se a gente fizer o que todo mundo faz no treino, se a gente fizer só o arroz com feijão, vai ser um atleta mediano. Para você sair da curva vai ter que fazer um algo a mais, seja cuidar sua saúde melhor, seja um treino a mais. Desde pequeno sempre busquei, com nove anos eu fazia os dois treinos que tinha na minha academia […] Até um dos técnicos que eu tinha antigamente brigava comigo para sair do treino, porque o descanso também é importante. Então hoje eu consigo conciliar os treinos com a recuperação”, explicou Willian Lima.

“Tem que tirar daquilo que você ganha pra investir”. O judoca ressaltou a necessidade de gastar recursos para chegar ao topo do esporte, aproveitando lucros para redobrar cuidados com saúde e recuperação fisiológica.

“Em São Paulo tudo é caro. Muito caro. Mas isso é uma preocupação que eu particularmente não tenho. O Clube Pinheiros dá todo suporte. Quando vai viajar… É impecável. Só que tem alguns problemas, por exemplo a fisioterapia. Lá a gente tem um fisio pra atender 30 atletas. Não dá, né? Às vezes você fica ali por duas, três horas. Às vezes é melhor você passar particular. Porque a gente entende que a demanda do clube é muito grande. Gosto de passar em fisioterapia por fora também, para ajudar na minha recuperação. Você tem que fazer muitas coisas sem estar ali. Você tem que tirar daquilo que você ganha pra investir.”

O QUE MAIS WILLIAN DISSE

Como se sustenta hoje: “Hoje eu sou segundo no ranking mundial. Quando você chega no nível que eu cheguei, você acaba tendo muito mais (apoio). Tem o Bolsa Pódio, a Marinha do Brasil. O Pinheiros. Muito graças ao nosso técnico, à nossa equipe multidisciplinar. A gente está com o Leandro Guilheiro, todas as medalhas olímpicas. As três medalhas no individual vieram todas do Pinheiros, todas ali do berço ali do Leandro.”

Planos para os próximos Jogos: “Já comecei esse processo. Já voltei aos treinos. É meu estilo de vida, eu não consigo ficar longe. Me ajuda tanto mentalmente quanto fisicamente. […] Eu não vou poupar investimento, não vou poupar nada, porque medalha de prata e de ouro estão ali juntas, lado a lado. Agora já tenho mapeado melhor o japonês (Hifumi Abe, ouro em sua categoria). Penso também em treinar um tempo na Europa, um tempo no Japão. Eu perdi para o japonês, tem que buscar os caras que tem lá. Os caras são muito feras. Então eu penso em ficar lá um, dois, três meses, o tempo que der. É o berço do judô. Treinar lá vai ser muito bom para adquirir experiência, conseguir evoluir. E tudo que tem dado pra investir, eu tenho investido.”

Mudança de mentalidade em Paris: “Todo atleta, acho que todo mundo em algum momento, tem seus altos e baixos. Fica naquela: ‘Será que aquela competição não foi sorte? Será que eu posso? Será que eu realmente sou bom?’. Eu fui campeão mundial júnior, fui campeão mundial militar, medalhei diversos grand slams e agora eu sou medalhista olímpico. Minha mente já foi uma das coisas mais fracas que tenho, hoje é o meu ponto mais forte. Agora, é fazer a manutenção do corpo, investir em suplementos, investir em material de trabalho, em material para recuperação. Acho que o caminho agora eu sei, agora é só lapidar melhor, é a forma de tudo isso, investir as coisas nos pontos certos e confiar mais em mim.”

Redação / Folhapress

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