PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – O líder chinês, Xi Jinping, recebeu o secretário de Estado americano, Antony Blinken, na tarde desta sexta (26) no Grande Salão do Povo, no centro de Pequim, após vários dias de expectativa sobre o encontro, diante das críticas de lado a lado.
Xi citou os 45 anos de relações diplomáticas bilaterais, disse que enfrentaram “ventos e chuvas”, mas mostraram que “China e Estados Unidos devem ser parceiros em vez de rivais, devem ajudar um ao outro a alcançar sucesso em vez de ferir um ao outro e devem honrar as palavras com ações”.
Acrescentou: “Nós esperamos que os EUA possam ver o desenvolvimento da China positivamente. Esta é uma questão fundamental que precisa ser tratada, como o primeiro botão de uma camisa que precisa ser abotoado de maneira correta, para que a relação China-EUA verdadeiramente se estabilize, melhore e siga em frente”.
Antes, pela manhã, o ministro do exterior, Wang Yi, havia iniciado extenso encontro com Blinken, seu colega americano, avaliando que as relações bilateriais “começam a se estabilizar”, com mais diálogo.
“Mas ao mesmo tempo os fatores negativos no relacionamento ainda estão aumentando”, acrescentou. “Os direitos legítimos de desenvolvimento da China têm sido injustificadamente suprimidos e nossos principais interesses estão enfrentando desafios.”
Prosseguiu, falando a Blinken diante das câmeras: “A China e os Estados Unidos devem manter a direção certa de avançar com a estabilidade ou retornar a uma espiral descendente? Devem liderar a cooperação internacional sobre as questões globais ou se envolver em rivalidade e confronto ou mesmo deslizar para o conflito? A comunidade internacional aguarda a nossa resposta”.
O secretário americano comentou então esperar “discussões muito claras, muito diretas sobre as áreas em que há diferenças e qual é a posição dos Estados Unidos”, acrescentando: “Mas volto a frisar que é importante que façamos isso, é importante para demonstrar que estamos administrando com responsabilidade a relação mais consequente no mundo”.
A reunião durou mais de cinco horas, e Blinken publicou em seguida, em mídia social, que foi “aprofundada e substantiva” e abordou “áreas em que há diferença, além de áreas de interesse compartilhado, como o combate ao narcotráfico”. Foi “parte do esforço para administrar a concorrência de forma responsável”.
Depois, afirmou a jornalistas que os EUA estão preparados para sancionar mais empresas chinesas que supostamente apoiem a estrutura militar russa.
Disse que o banimento do TikTok, aprovado pelo Congresso e sancionado pelo presidente Joe Biden, não foi tratado nas conversas. E que Pequim e Washington concordaram em realizar nas próximas semanas as primeiras reuniões entre autoridades dos dois países sobre inteligência artificial.
O ministério chinês do exterior, de sua parte, confirmou o encontro sobre IA e registrou outros quatro supostos pontos de concordância: estabilizar e desenvolver as relações; manter contatos de alto nível em diversas áreas; expandir o intercâmbio cultural e de estudantes de ambos os lados; e manter negociações sobre áreas de conflito regional e internacional, com enviados para fortalecer a comunicação.
NELSON DE SÁ / Folhapress