XP é acusada de lucrar com esquema de pirâmide, queda na renda dos aposentados na Argentina e o que importa no mercado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nesta edição, explico o caso da XP, acusada por casa de análises americana de lucrar com esquema de pirâmide, queda na renda dos aposentados alimenta tensões na Argentina e outros destaques do mercado nesta sexta-feira (14).

XP NA BERLINDA

Uma casa de análise americana acusou, em relatório publicado na quarta-feira (12), a XP Investimentos de lucrar operando uma pirâmide financeira (em inglês, o termo é esquema de Ponzi).

A brasileira nega as acusações e afirma que tomará medidas judiciais contra a outra parte.

“[A XP] reforça seu comprometimento com a ética, a transparência, a conformidade regulatória, a governança e o cumprimento da lei”, diz em comunicado.

Cara-crachá: quem é quem nessa história.

– Grizzly Research LLC: casa de análises americana que procura problemas no mercado e faz relatórios. Autodeclarada “parcial para o lado da negatividade”, ela mexe em alguns vespeiros. As percepções sobre sua credibilidade são mistas –há quem goste, há quem critique.

– XP Investimentos: fundada em 2001 por Guilherme Benchimol em Porto Alegre (RS). Começou vendendo cursos de educação financeira e hoje é uma das maiores corretoras do país. Não está a salvo de polêmicas, tendo passado por algumas nos seus 24 anos de existência.

A ACUSAÇÃO

A Grizzly acusa a XP de empurrar um produto para a carteira de seus clientes em nome de manter a rentabilidade de fundos que garantem o lucro da corretora.

Vamos por partes. Tudo começa com dois fundos da XP fechados para clientes: o Gladius e o Coliseu.

Eles são “market makers”, fundos que existem para garantir liquidez para as operações da casa. Garantem que há compradores e vendedores para responder à operação desejada, por exemplo. Esse tipo de fundo costuma ser bastante volátil.

O que chamou a atenção de analistas do mercado foi o desempenho do Gladius. Ele teve um retorno de 2.419% em cinco anos, com uma volatilidade baixa –um número ímpar, mesmo entre seus concorrentes.

Segundo a Grizzly, a XP consegue esses números pressionando seus clientes a comprarem COEs (Certificado de Operações Estruturadas), um ativo misto –ao comprá-los “a liquidez do cliente estaria atrelada à XP por anos”, escreve.

O PONTO CHAVE

O dinheiro recebido com a venda de caixa dos COEs estaria sendo registrado como prêmio do Gladius –ou seja, a gordurinha resultante da valorização dos investimentos que é paga para o investidor.

“A alta performance [do Gladius] não é um resultado do fundo, mas sim do fato de que eles estão colocando dinheiro nele, mês a mês, para tornar a carteira gigante. É o fluxo de dinheiro entrando que torna o bolo grande o suficiente para todos”, escreve a Grizzly.

Se a afirmação fosse verdadeira, isso implicaria que a XP dependeria da venda contínua e crescente de COEs para sobreviver.

O OUTRO LADO

A XP Investimentos afirma que tomou conhecimento das “informações falsas, incorretas e imprecisas” sobre a companhia e que tomará medidas legais contra a empresa de análise norte-americana.

**QUEBRA DAS TRADIÇÕES**

Todas as quartas-feiras, a pelo menos 30 anos, ocorre às quartas-feiras um protesto dos aposentados em frente ao Congresso da Argentina. Nesta semana, no entanto, o dia não seguiu o mesmo curso do que nas últimas três décadas.

A manifestação ganhou contornos violentos, com conflitos entre torcidas organizadas de futebol e manifestantes. A situação se alastrou para o dia de ontem e deve continuar inflamada nos próximos dias.

O QUE ROLOU?

Na última quarta-feira (12), membros de torcidas organizadas de clubes como Rosario Central e Chacarita engrossaram o coro dos aposentados.

Mais de uma centena de manifestantes foi detida e, entre dezenas de feridos, há um fotojornalista hospitalizado em estado grave.

CONTEXTO

Desde que Javier Milei chegou à Presidência argentina, as manifestações ficaram mais cheias. Em sintonia, a repressão também endureceu, em linha com o que o líder pensa sobre segurança pública.

A fatia dos aposentados foi uma das que mais perdeu poder de compra com o novo governo. No levantamento mais recente da consultoria CP, dados mostram que a aposentadoria mínima está no valor real mais baixo dos últimos 20 anos.

A pensão diminuiu 0,3% em janeiro. Na comparação anual, foi a primeira melhora em 15 meses, mas também representa um montante 20% menor em comparação com o de 2020.

AS QUANTIAS

As aposentadorias em março ficaram em 279 mil pesos (R$ 1.525). Eles também ganham um bônus do governo, que leva o valor a 349 mil pesos (R$ 1.900).

Segundo a medição argentina, em janeiro, um cidadão que ganha menos de 344,5 mil pesos (R$ 1.827) mensais está abaixo da linha da pobreza.

O que eles querem? A recomposição dos valores de suas aposentadorias, a cobertura de medicamentos e que se retome a moratória previdenciária que chega ao fim neste mês por decisão de Milei.

Adotado pelo governo anterior em 2023, o plano permite que aqueles que não cumpriram 30 anos de contribuição com o Seguro Social ainda assim possam se aposentar.

**50 ANOS LONGE DO CARREGADOR**

Passar 50 anos sem carregar um aparelho eletrônico parece um sonho impossível nos dias de hoje. A Betavolt quer que o martírio dos fios acabe logo.

A empresa chinesa anunciou uma bateria nuclear com tempo de vida de meio século no ano passado, e prometeu que deve apresentar o produto aos investidores e compradores interessados em julho.

Vai ter na loja de capinhas? Não, a princípio, não será um produto destinado ao consumidor final. Na verdade, ela foi criada para ser usada em programas espaciais –bem longe da sua casa.

Entretanto, a pretensão da Betavolt é que ela possa sustentar smartphones sem recarregar e drones sem aterrissar por muito tempo

É NOVIDADE?

Mais ou menos. Baterias nucleares que duram décadas são usadas nas missões extraterrestres russas e americanas desde os anos 1950.

Elas são abastecidas com plutônio, que decai pela desintegração radioativa e emite calor, que é aproveitado por um conversor termoelétrico, e então, vira energia elétrica.

novidade é que na bateria da Betavolt, a BV100, a energia é obtida da própria radiação antes de se tornar calor, ou seja, pula algumas etapas da tecnologia mais usada hoje. Segundo a divulgação, ela aguentaria temperaturas de -60°C a 120°C.

Ela atenderia o propósito por mais tempo e com menos complexidade do que as baterias atuais. Ainda, seria mais segura, uma vez que prenderia melhor a radioatividade.

A ideia é atender às necessidades de energia de longa duração para dispositivos aeroespaciais, de inteligência artificial, equipamentos médicos, sensores, pequenos drones e micro-robôs.

O PROBLEMA

O primeiro modelo apresentado tinha potência de só 100 microwatts, e analistas da própria mídia oficial chinesa avaliam ser baixa demais em relação às baterias comuns.

Se cada bateria aguentar apenas 100 microwatts, seriam necessárias 60 mil BV100 para acender uma única lâmpada de 60 watts.

A promessa é que a versão de julho tenha capacidade para 1 watt, 10 mil vezes mais poderosa –o que ainda a deixa longe de ser uma boa fonte portátil de energia.

**PARA LER**

Crash: Uma Breve História da Economia

Alexandre Versignassi. Harper Collins. 352 páginas.

Hoje você lê sobre o dólar, os investimentos e os bancos todos os dias, mas já se perguntou de onde veio tudo isso? Não, Deus não criou o Ibovespa no sexto dia e descansou no sétimo.

Neste livro, o autor explica sem jargões complicados como surgiram as primeiras bolsas de valores, por que o salário tem esse nome, entre outras curiosidades sobre o que compõe o universo econômico hoje.

Vale para quem quer começar a navegar em águas mais profundas na economia e para quem é apenas curioso.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

Alcóolicas no holofote. Trump ameaçou cobrar taxa de 200% sobre vinhos da União Europeia, onde estão alguns dos principais produtores do mundo, se o bloco não remover tarifas sobres os uísques americanos.

Sem moderação. A Meta não fará mais o papel de moderadora de suas redes sociais, segundo um executivo da empresa. A responsabilidade de decidir a adequação do conteúdo recairá 100% sobre os usuários.

Torre de Babel. A Apple quer que a próxima geração de AirPods, seus fones de ouvido sem fio, traduza conversas ao vivo.

Quem tem, tem medo. A Tesla alertou o governo de Donald Trump que a empresa de seu braço-direito, Elon Musk, pode ser prejudicada pelo tarifaço instaurado pelo republicano.

LUANA FRANZÃO / Folhapress

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