Yuri Alberto merecia ser expulso em jogo do Corinthians? Ex-árbitros opinam

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Um lance polêmico envolvendo Yuri Alberto foi um dos momentos-chave do Corinthians no 3 a 2 sobre o Vitória, em jogo do Campeonato Brasileiro ocorrido na noite desta quinta-feira (3, na Neo Química Arena (lance abaixo).

O QUE ACONTECEU

O atacante se envolveu em dividida com Williean Lepo já nos minutos finais do primeiro tempo. Na ocasião, a partida estava em 2 a 1 para os paulistas.

Yuri chegou antes do adversário e conseguiu chutar a bola, mas atingindo a perna do adversário com o bico da chuteira na sequência da jogada —o corintiano, aliás, estava impedido no momento do choque, ocorrido no campo de ataque dos donos da casa.

Caio Max Augusto Vieira, responsável pelo VAR, chamou o árbitro de campo Gustavo Ervino Bauermann para uma revisão, alegando que a jogada era passível de cartão vermelho.

O juiz foi à cabine, mas não deu vermelho para o atacante: Yuri tomou amarelo pela imprudência, revoltando os atletas do Vitória.

O QUE DIZEM EX-ÁRBITROS?

Especialistas ouvidos pela reportagem foram unânimes: o lance não era para cartão vermelho. Há pequenas divergências, no entanto, em relação ao protocolo.

“O VAR não pode chamar, é um choque de jogo: não tem como chutar a bola e recolher a perna rapidamente. O lance não está fora do campo visual do árbitro, não foi erro grosseiro, o próprio VAR está errado ao chamar. Se eu fosse o árbitro, nem mostraria o cartão amarelo ao Yuri. Eu não marcaria nada. Ou o árbitro volta e não marca nada ou expulsa. Não entendi o amarelo, já que o VAR não pode sugerir amarelo, só vermelho. Há erro de interpretação do VAR em chamar, e outro de decisão do árbitro em mostrar o cartão amarelo. Um detalhe: o que menos importa é se ele estava impedido ou não. Ele chamou pela suposta agressão, que ao meu ver não aconteceu”, diz Alfredo Loebeling.

“Faço uma analogia com o lance do Vini Jr. no jogo do Brasil. Todo lance tem princípio, meio e fim. O Yuri vem na disputa da bola e consegue o seu objetivo, que é chutar a bola. Ato contínuo, ele atinge, acidentalmente, o adversário. Nada há nada para marcar. Não houve falta. A interferência do VAR é indevida e fere o protocolo porque sequer houve falta”, afirma Emidio Marques.

“Zero maldade. O Yuri chuta a bola e, acidentalmente, acerta o adversário. O amarelo é perfeito pela repercussão. Se não mostrar, acaba ‘sobrando’ para o árbitro. Se ele tivesse respaldo e conseguisse controlar o jogo, podia até tentar ficar só na conversa. Os jogadores sabem quando é maldade”, analisa Guilherme Ceretta.

“É um absurdo o VAR chamar o árbitro: o Yuri chuta a bola sem intenção de atingir o adversário. O árbitro corrigiu o VAR, mas o Yuri não merecia nem cartão amarelo. O VAR só deve chamar o árbitro em caso de expulsão, o que não era o caso”, diz Ulisses Tavares.

“As duas decisões do árbitro foram corretas: primeiro porque o contato foi consequência imediata e inevitável do movimento para chutar a bola — e porque não houve força excessiva —, e depois porque, mesmo fazendo revisão do lance, ele manteve sua decisão inicial. Em contrapartida, o VAR também errou duas vezes: ao não analisar o lance da maneira correta e de não respeitar a decisão de campo, já que a jogada era de clara interpretação. Todos esses imbróglios da nossa arbitragem são fruto da absoluta inconsistência das orientações da comissão da CBF”, opina Manoel Serapião.

“Era só cartão amarelo, nada de vermelho. Foram duas faltas: a primeira porque o Yuri foi na bola e estava impedido, e a segunda porque ele entrou com força desproporcional na jogada. Ele realmente mereceu o cartão amarelo porque houve disputa da bola. Mas ele não foi imprudente, foi só força desproporcional”, afirma João Paulo Araújo.

BRUNO MADRID / Folhapress

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