SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em viagem a São Paulo, o governador de Minas Gerais Romeu Zema (Novo) criticou a corrupção na política durante participação em evento sobre o liberalismo nesta quarta-feira (23).
Sem se referir a nenhum líder político especificamente, Zema afirmou em discurso que entrou na política por causa da indignação com o cenário nacional e que, antes de se candidatar, considerava a política “quase que uma atividade semicriminosa, uma verdadeira aversão”.
“Quando nós que temos alguma competência, alguma capacidade, condição de contribuir, não dermos a cara a tapa, vai lá e vai assumir quem não tem nenhuma condição, que muitas vezes vai colocar política como modo de enriquecimento pessoal ou um plano pessoal de poder, e não de contribuir com a comunidade, com a sociedade.”
Em abril, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou um projeto de lei apresentado a pedido de Zema que elevou de forma retroativa salários do Executivo no estado. O maior aumento foi concedido ao governador, cujo salário passou de R$ 10.500 para R$ 37.589,96, alta de 258%.
A afirmação do governador de Minas ocorre no mesmo dia em que a Assembleia Legislativa de Minas Gerais marcou uma cerimônia para conceder o título de cidadão mineiro a Jair Bolsonaro (PL), envolto em escândalo sobre negociação de joias no exterior e investigação sobre trama golpista.
A honraria tinha sido assinada por Zema em 2019. Os dois foram aliados políticos nas eleições de 2018 e 2022.
A cerimônia está agendada para a próxima segunda-feira (28). Questionado pela Folha se vai comparecer à concessão do título, Zema não respondeu. Deputados do estado, entretanto, afirmam que o governador vai participar. Até o momento, o governo de Minas não confirmou o comparecimento de Zema.
No evento desta quarta-feira, o governador também falou que encontrou os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e que considera que a direita está fortalecida neste momento no país.
Aproveitou para fazer críticas ao governo do presidente Lula (PT) e disse que a sociedade pode se organizar para evitar o que chamou de retrocessos. Segundo ele, o Brasil é, a cada ano, menos relevante no contexto mundial devido a governos que querem o “Estado maior, achando que o santo Estado é a solução para os problemas da população”.
Zema compareceu ao Fórum Liberal 2023, promovido pelo ILISP (Instituto Liberal de São Paulo), para ser premiado por um programa que implementou para diminuir a burocracia em Minas.
O ex-presidente Michel Temer também esteve no evento e recebeu uma homenagem pela aprovação da Reforma Trabalhista de 2017.
Zema e Tarcísio são vistos como possíveis candidatos do campo da direita na eleição presidencial de 2026, já que Bolsonaro está inelegível por decisão da Justiça Eleitoral.
ANA GABRIELA OLIVEIRA LIMA / Folhapress