Já se passaram três anos desde que o gigante Moraes Moreira deixou este plano, após sofrer um infarto agudo do miocárdio, aos 72 anos. E ainda sim, ele segue mais vivo do que nunca entre nós.
Moraes é eterno! Seu talento e genialidade fazem do baiano de Ituaçu um dos nomes mais importantes da música popular brasileira de todos os tempos.
Confira uma matéria especial que preparamos sobre o artista e uma lista com os seus 15 maiores sucessos.
Sobre Moraes Moreira
Antônio Carlos Moraes Pires começou a sua trajetória musical tocando sanfona de doze baixos em festas e eventos de sua cidade natal, na Chapada Diamantina. Na adolescência, enquanto fazia um curso científico no interior da Bahia, Moreira começou a aprender violão e apaixonou-se pelo instrumento.
Mudou-se para Salvador aos 19 anos, com o intuito de estudar medicina, mas a arte falou mais alto e, logo, decidiu cursar o Seminário de Música na Universidade Federal da Bahia. Lá, conheceu Tom Zé, que dava aulas de violão e passou a ensinar mais sobre o instrumento para Moraes e a trocar com ele figurinhas sobre harmonia e composição.
Os Novos Baianos
Foi Tom Zé quem apresentou Moreira a Luiz Galvão, que tornou-se um de seus maiores parceiros musicais. Os dois se juntaram a Paulinho Boca de Cantor, Pepeu Gomes, Baby do Brasil e outros músicos e formaram o grupo Novos Baianos.
A banda transformou a cena musical brasileira com suas composições icônicas, a maioria delas, parcerias de Moraes com Galvão (que também nos deixou no final do ano passado) como:
- A Menina Dança;
- Acabou Chorare;
- Preta Pretinha;
- Tinindo Trincando;
- e Mistério do Planeta.
Outros grandes sucessos com a banda são:
- Swing de Campo Grande (Moraes Moreira/Paulinho Boca de Cantor/Galvão);
- e Besta É Tu (Pepeu Gomes/Moraes Moreira/Galvão).
O som dos Novos Baianos é algo totalmente único na história da música brasileira: uma mistura de rock – vertente inicial do grupo – com samba, ijexá, frevo, choro, baião, influências da Tropicália, da Jovem Guarda, do rock internacional e da bossa nova.
João Gilberto foi um dos grandes responsáveis pela estética multifacetada do Novos Baianos e frequentador assíduo do apartamento no qual o grupo morou junto, no Rio de Janeiro. Moreira contava que “roubou” muitos acordes que aprendeu com João no violão para utilizar em suas canções.
O primeiro cantor de trio elétrico do Brasil
O antológico disco Acabou Chorare, de 1972 – segundo álbum dos Novos Baianos, que foi desenvolvido quando a banda viveu em comunidade no famoso sítio de Jacarepaguá – é considerado um dos mais importantes discos brasileiros de todos os tempos, tendo sido eleito pela Revista Rolling Stone Brasil, em 2007, como o primeiro de uma lista dos 100 maiores discos de música popular brasileira.
Quando resolveu sair do grupo, em 1975, Moreira tornou-se o primeiro cantor de trio elétrico do Brasil. Antes dele, os trios elétricos eram somente instrumentais e – quando assumiu os vocais do trio de Dodô e Osmar, em 1976 – o carnaval baiano nunca mais foi o mesmo.
O baiano é um dos grandes responsáveis pela afirmação e pelo crescimento do carnaval de rua de Salvador. Fazendo fusões entre o frevo, a guitarra baiana e o batuque dos blocos afro, influenciou e abriu caminho para uma geração de cantores de trio elétrico que vieram depois, criando clássicos como:
- Pombo Correio (parceria com Dodô e Osmar);
- Bloco do Prazer (com Fausto Nilo);
- Vassourinha Elétrica;
- e Chame Gente (parceria com Armandinho Macedo, filho de Osmar).
Depois disso, muitos outros discos e composições inesquecíveis fazem de Moraes um patrimônio da nossa música popular brasileira, como:
- Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira (parceria com Pepeu Gomes);
- Sintonia (com Fred Góes e Zeca Barreto);
- Chão da Praça (com Fausto Nilo);
- e Festa do Interior (com Abel Silva).
Com mais de 50 anos de carreira, o cantor, compositor e instrumentista gravou mais de 40 álbuns, entre discos solo, com os Novos Baianos e outras parcerias.
Foi gravado por muitos nomes importantes da MPB como Gal Costa, Maria Bethânia, Ney Matogrosso, Marisa Monte e Daniela Mercury. Além de Davi Moraes, seu filho, que – com sua carreira na música – também honra o legado deixado pelo pai.
O baiano coleciona ainda apresentações antológicas no Rock in Rio de 1985, 1991 e 2001.
Academia Brasileira de Literatura de Cordel
Mestre no que diz respeito à diversidade musical, Moreira trazia em suas canções, além do rock, do samba, do frevo e do choro, influências da música erudita e até do hip-hop.
Era também um excelente cordelista. Muito influenciado pelo gênero tradicionalmente nordestino, o artista teve até cadeira na Academia Brasileira de Literatura de Cordel e publicou um livro escrito todo nessa linguagem, em que conta a história dos Novos Baianos.
Quer saber mais sobre a vida e obra de Moraes Moreira? Acesse o Acervo Novabrasil, nossa série exclusiva de áudio-biografias – uma verdadeira enciclopédia na MPB – e confira o episódio especial sobre o artista baiano.
Saudade, Moraes!
15 sucessos de Moraes Moreira
Para terminar esta homenagem, preparamos uma playlist com os 15 principais sucessos do artista, em ordem cronológica de lançamento, para vocês fazerem um passeio pela vida e obra desse gigante da MPB.
1- A Menina Dança
Composição de Moraes Moreira e Luiz Galvão.
2- Acabou Chorare
Composição de Moraes Moreira e Luiz Galvão.
3- Preta Pretinha
Composição de Moreira e Luiz Galvão.
