Acionista minoritário da Eletrobras questiona na CVM influência da 3G Radar

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Acionista minoritária da Eletrobras e representante dos funcionários da empresa, a Asef (Associação dos Empregados de Furnas) protocolou na segunda-feira (12) um questionamento junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), para que a companhia do setor elétrico preste esclarecimentos sobre informações divulgadas em reportagem da Folha de S.Paulo acerca da influência da gestora 3G Radar na formação do conselho da Eletrobras.

Diretor da Asef, Felipe Araújo afirma que, dado o poder que um acionista ordinário que detém apenas 0,05% dos papéis com direito a voto aparenta ter para formar o conselho da empresa, a governança corporativa está bem aquém das expectativas que foram criadas após a privatização, que transformou a Eletrobras em uma “corporation”, que seria uma empresa sem controle definido.

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo publicada no domingo (11), embora tenha uma participação residual nas ações com direito a voto, a gestora 3G Radar convidou 3 dos 9 membros do conselho de administração da empresa.

“A gente, no papel de acionista minoritário, fica se perguntando que governança é essa”, afirma Araújo.

O diretor da associação lembra que a própria União enfrentou dificuldades para trocar o representante do governo no conselho da Eletrobras, ao mesmo tempo em que um agente do mercado financeiro aparenta ter um poder desproporcional para ditar os rumos do negócio. “O que estamos vendo é um acionista com um poder, de fato, muito desproporcional à sua capacidade acionária.”

A Asef pede no questionamento protocolado na CVM que uma investigação independente seja aberta para confirmar a influência da 3G na empresa, com o afastamento dos citados na matéria enquanto durarem os trabalhos.

O diretor acrescenta que, há dez dias, a associação já havia aberto uma denúncia na CVM para averiguar supostas negociações para cargos no conselho de administração da Eletrobras, ao que a empresa respondeu que mantém “abertura para transparente e constante diálogo com todos os seus acionistas, principalmente aqueles de referência”.

“Na ocasião, ficamos nos perguntando o que seria aquilo exatamente [acionista de referência], já que não há nenhuma explicação sobre quem são esses acionistas”, diz Araújo.

Se a investigação for aberta e comprovar a influência desproporcional da gestora, é preciso repensar o modelo de governança corporativa no mercado brasileiro, afirma o diretor da associação. “Todos os acionistas minoritários estão sendo absurdamente desrespeitados. É quase um teatro, se isso estiver realmente acontecendo.”

LUCAS BOMBANA / Folhapress

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