SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Pai do ChatGPT e outros CEOs do setor assinam texto que alerta sobre IA como um risco à humanidade semelhante a pandemia e guerra nuclear. Por que número de empresas classificadas como risco de calote mais do que dobrou em cinco meses e outros destaques do mercado nesta quarta-feira (31).
**CEOS E CIENTISTAS ALERTAM PARA PERIGO DA IA**
Sam Altman, CEO por trás do ChatGPT, e Demis Hassabis, chefe da Google DeepMind, estão entre os 350 executivos e cientistas que assinaram um manifesto de um parágrafo sobre os riscos da IA (inteligência artificial):
“Mitigar o risco de extinção pela IA deve ser uma prioridade global, ao lado de outros riscos em escala social ampla, como pandemias e guerra nuclear”.
O Center for AI Safety (Centro para a Segurança da IA), organização sem fins lucrativos que divulgou a declaração, disse ao New York Times que a ideia do comunicado curto era gerar um consenso entre todos os signatários, além de manter a mensagem objetiva.
Quem assina: além dos executivos, também subscrevem o documento pesquisadores como Geoffrey Hinton e Yoshua Bengio, que receberam um Prêmio Turing por seu trabalho sobre redes neurais e frequentemente são descritos como “padrinhos” da IA.
Outro que assina é Mustafa Suleyman, cofundador da DeepMind que hoje comanda a startup Inflection AI, que responde a perguntas com novas questões e foi elogiada por Bill Gates.
Não é a primeira vez que pesos-pesados do setor assinam um manifesto alertando para riscos relacionados ao rápido avanço da IA, movimento que chegou ao público geral graças à popularidade do ChatGPT a partir do começo do ano.
Em março, Elon Musk e mais de mil pesquisadores e executivos pediram uma pausa de seis meses no desenvolvimento de sistemas avançados de IA, para interromper o que descreveram como uma “corrida armamentista”.
Essa carta, porém, não foi assinada por nenhuma das startups que largaram na frente da corrida dos grandes modelos de linguagem.
**POR QUE GASOLINA DEVE VOLTAR A SUBIR**
A queda no preço da gasolina nas bombas observada nas duas últimas semanas deve durar pouco. Começa a valer em junho a mudança no modelo de cobrança do ICMS, que passa a ter alíquota única de R$ 1,22 por litro em todos os estados.
Em números: a alta chegará a 22 estados e ao Distrito Federal, que hoje têm alíquota menor em relação ao padrão estabelecido.
O R$ 1,22 por litro é R$ 0,20 superior à média atual, segundo contas do consultor Dietmar Schupp.
A maior alta deve ser em Mato Grosso do Sul (R$ 0,30 por litro). Em São Paulo, a diferença é de R$ 0,26 por litro, e no Rio de Janeiro, R$ 0,11 por litro.
Amazonas, Piauí e Alagoas têm alíquota maior que o novo padrão, então devem ter queda nos preços. Em Roraima, não há variação.
A mudança do ICMS deve interromper o recente ciclo de baixa no preço da gasolina, reflexo de corte promovido pela Petrobras em suas refinarias.
O que explica: a nova cobrança do imposto estadual foi aprovada pelo Congresso em março de 2022.
Ela substitui a regra em que cada estado cobrava uma alíquota diferente e em cima do preço da bomba, o que gerava um reajuste em cadeia quando a gasolina encarecia, de acordo com o setor de combustíveis.
Vem mais por aí: em julho, volta a valer também a cobrança na íntegra dos impostos federais sobre os combustíveis, que foram reonerados parcialmente em março.
O mercado espera que a Petrobras, agora com nova política de precificação, contribua para compensar a alta.
**RISCO DE CALOTE**
O número de empresas brasileiras rebaixadas ao nível de risco de calote pela agência de classificação de risco Fitch Ratings passou de 4 para 10 nos últimos seis meses.
Três dessas companhias estão no nível “D” (de default, ou calote). Em dezembro de 2022, não havia nenhuma nessa classe.
A Fitch não revelou quais as companhias que estão em cada nível, mas divulgou recentemente que rebaixou as notas de Americanas e Light, hoje em recuperação judicial, para o patamar “D”.
**BANCOS APERTAM FISCALIZAÇÃO SOBRE FRIGORÍFICOS**
Bancos brasileiros vão começar a conferir se frigoríficos compraram gado proveniente de áreas desmatadas na Amazônia Legal e no restante do Maranhão antes de aprovar pedidos de empréstimo.
O acordo foi costurado pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e envolve, por enquanto, 21 instituições financeiras (veja aqui quais), mas o número deve aumentar, segundo a entidade.
Entenda: os bancos participantes vão pedir que os frigoríficos implementem um sistema de rastreabilidade e monitoramento para itens produzidos e comercializados na área.
O mapeamento envolverá tanto os fornecedores diretos quanto os indiretos área menos coberta e de mais difícil monitoramento pela indústria.
Os negócios envolvidos terão até dezembro de 2025 para se adequar. Em caso de descumprimento, os bancos podem sofrer sanções, do pagamento de multa à exclusão da entidade.
O que explica: o movimento acontece em meio a pressões que vêm de investidores e do exterior para que o setor financeiro e empresarial adote práticas concretas em prol da agenda ambiental.
A União Europeia, por exemplo, aprovou no mês passado a norma que proíbe a venda no continente de produtos oriundos de desmatamento.
A lei barra a comercialização no bloco de qualquer cultura que esteja ligada ao corte de florestas ilegal ou não após 2020.
Entre os produtos citados na regra, estão gado, madeira, soja, café, cacau, borracha e dendê e os derivados de cada um.
Em resposta ao protocolo dos bancos, a associação de exportadores de carne afirmou que não aceita que “outros setores terceirizem as suas responsabilidades”.
A entidade afirma que apoia as iniciativas que aumentem os padrões de sustentabilidade na cadeia pecuária, mas cobrou que as exigências feitas pelos bancos aos frigoríficos sejam adotadas “a todos os seus correntistas”.
Entenda: Pelas notas da agência, a partir de “CCC”, a companhia já possui um risco substancial de crédito, ou seja, com possibilidade real de calote e margem baixa de segurança.
Até chegar ao “D”, ainda tem os níveis “CC”, “C” e “RD”.
As classificações de agências de risco como a Fitch importam porque muitos fundos grandes internacionais as usam como critério para investir em determinada empresa ou país.
Alguns fundos de pensão, por exemplo, são proibidos por estatuto de investir em níveis abaixo de determinado grau de risco.
O que explica: um maior número de empresas em risco de calote vem na esteira da alta de juros e de episódios que apertaram a concessão de crédito no país.
Enquanto o primeiro fator deixa o passivo mais caro de ser pago, o segundo dificulta a renegociação com credores de empresas que estão com a corda no pescoço.
ARTUR BÚRIGO / Folhapress