Autonomia do BC não significa isolamento e é preciso diálogo com Fazenda, diz BIS

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro Fernando Haddad (Fazenda) recebeu nesta sexta-feira (19) o apoio do diretor-geral do “banco central dos bancos centrais” ao falar que a aproximação entre Banco Central e Ministério da Fazenda não fere a autonomia da autoridade monetária.

Agustín Carstens, diretor-geral do BIS (Bank for International Settlements), disse que autonomia não significa isolamento e concordou que as políticas monetária do BC e fiscal da Fazenda estão relacionadas.

A afirmação foi feita após discurso de Haddad na abertura de evento organizado pelo Banco Central e que reuniu também presidentes e ex-presidentes de bancos centrais de diversos países, incluindo o Brasil.

“Deixe-me abordar um equívoco comum. A autonomia do banco central tem sido um desenvolvimento fundamental no caminho para a estabilidade de preços. Mas autonomia não significa isolamento. Um diálogo pode, e eu diria que deveria, existir entre bancos centrais e ministérios da fazenda”, afirmou Carstens.

“As políticas monetária e fiscal estão inerentemente ligadas. Afetam-se mutuamente. Juntas, afetam as condições econômicas e financeiras e, portanto, o bem-estar das pessoas e os planos de investimento das empresas. A autonomia, na verdade, amplia o escopo para que esse diálogo ocorra, como disse o ministro Fernando Haddad há alguns minutos.”

Na abertura do evento, Haddad disse que o governo Lula está fazendo gestos importantes para a institucionalidade no Brasil, ao ser o primeiro governo que herda um presidente do Banco Central indicado pelo seu antecessor. O ministro também voltou a defender a coordenação entre política fiscal e monetária para que o país possa crescer acima da média mundial nos próximos anos.

Carstens também afirmou que o sucesso das políticas públicas depende da credibilidade das autoridades, dando como exemplo a confiança no dinheiro, na regulação do sistema financeiro e na ação dos bancos centrais para controlar a inflação.

Se o público confia no banco central para fazer o que for necessário para manter a inflação na meta, então a meta, mais do que a inflação corrente, se torna a referência para que as pessoas tomem suas decisões

Afirmou também que o sistema financeiro do Brasil não foi afetado pelas crises no sistema financeiro mundial de 2008 e 2022, graças ao trabalho dos gestores dessas instituições e aos órgãos de fiscalização. “Embora esta seja uma boa notícia, não deve ser motivo para complacência.”

EDUARDO CUCOLO E LUCAS BOMBANA / Folhapress

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