SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa opera em baixa no início da tarde desta quarta-feira (26), com os investidores reagindo aos detalhes do IPCA-15, índice de inflação ao consumidor medido entre 16 de março e 15 de abril. O indicador cheio mostrou desaceleração mensal e anual, mas o núcleo, que exclui alimentação, combustíveis e energia elétrica, teve leve alta neste mês.
Às 13h10 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em baixa de 0,36%, a 102.843 pontos. O dólar comercial à vista caía 0,31%, a R$ 5,048, seguindo a tendência internacional. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante outras moedas fortes, recuava 0,49%.
Nos mercados futuros, os juros apresentavam alta. Nos contratos com vencimento em janeiro de 2025, as taxas subiam de 11,81% do fechamento desta terça-feira (25) para 11,88%. Para janeiro de 2027, as taxas passavam de 11,74% para 11,77%. No vencimento em janeiro de 2029, os juros recuavam de 12,15% para 12,14%.
O IPCA-15 de abril ficou em 0,57%, ante 0,69% de março. Economistas ouvidos pela Bloomberg projetavam variação de 0,60% para o indicador. É a menor taxa para o mês desde 2020.
Com o dado de abril, o IPCA-15 desacelerou para 4,16% no acumulado de 12 meses. É o menor patamar desde outubro de 2020 (3,52%). A taxa estava em 5,36% no acumulado até março.
Andre Fernandes, diretor de renda variável e sócio da A7 Capital, aponta que a reação negativa do mercado à inflação se deve principalmente ao núcleo do IPCA-15.
“O núcleo do IPCA-15 teve uma aceleração de 0,48%, ante 0,46% do mês anterior, levemente acima da média histórica. Isso reforça o discurso do Banco Central de aguardar uma desaceleração dos núcleos antes de iniciar a discussão para cortes nos juros”, afirma Fernandes.
Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, destaca que a inflação dá sinais de perda de ritmo com a trégua de alimentos, cujos preços haviam disparado durante a pandemia.
Alphabet, controladora do Google, e Microsoft tiveram resultados acima das expectativas dos analistas no primeiro trimestre de 2023. Nas duas empresas, os resultados foram impulsionados principalmente pela demanda por serviços de nuvem. Destaque para a ação da Microsoft, com alta de 8,50%.
Os bons resultados das duas companhias trouxeram um alívio para o mercado, que vinha colocando nos preços dos ativos americanos uma recessão econômica mais forte que a previamente esperada por analistas.
Com isso, entre os índices em Nova York, o destaque é o Nasdaq, que concentra as ações das chamadas big techs, que registrava alta de 1,38%. Dow Jones e S&P 500 subiam 0,08% e 0,31%, respectivamente.
Por outro lado, a preocupação com a situação dos bancos regionais americanos continua. Depois de perder quase 50% de seu valor de mercado nesta terça-feira (25), o First Republic Bank cai mais 17% nesta quarta-feira.
O banco procurar alternativas para se capitalizar, após reportar uma fuga bilionária de depósitos no primeiro trimestre. Uma das saídas estudadas é a emissão de novas ações, que serviria para injetar dinheiro e tentar salvar o First Republic.
RENATO CARVALHO / Folhapress