Bolsa sobe com otimismo após divulgação do IPCA-15; dólar volta a ficar acima dos R$ 5,00

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa brasileira quebrou uma sequência de perdas e registrou alta nesta quinta-feira (25) apoiada pela divulgação do IPCA-15 de maio, que veio abaixo do esperado e surpreendeu o mercado. O dólar também subiu ante o real e voltou a fechar acima dos R$ 5,00, com as negociações sobre o teto da dívida americana ainda no radar.

O Ibovespa teve alta de 1,15%, a 110.054 pontos, enquanto o dólar subiu 1,63%, a R$ 5,035.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta quinta que a inflação medida pelo IPCA-15 desacelerou a 0,51%, a menor taxa para o mês desde 2021. Com o resultado abaixo do esperado, o índice foi a 4,07% no acumulado de 12 meses.

A melhora no comportamento da inflação traz expectativas de uma queda antecipada da taxa Selic, atualmente em 13,75% ao ano, o que seria benéfico para a Bolsa.

O analista Leonardo Neves, da Blue3 investimentos, diz que o dado pressiona ainda mais o Banco CentraL (BC) para um corte de juros e que investidores já começam a apostar que a redução da Selic virá mais cedo que o esperado.

Já os analistas da Levante Investimentos dizem que os núcleos da inflação, que desconsideram impactos mais voláteis sobre os preços, ainda não permitem apostar numa redução antecipada da Selic.

“O que interessa ao BC é o comportamento dos núcleos da inflação no longo prazo, e esses percentuais seguem bastante acima do teto da meta, que é de 4,75%. Por mais que os preços pareçam estar desacelerando devido à baixa dos combustíveis e a um arrefecimento do mercado internacional de commodities, a inflação segue acima do permitido”, afirmam.

Mesmo assim, o dado animou investidores, e o Ibovespa subiu apoiado por altas do setor bancário, como Itaú (2,80%) e Bradesco (3,47%), que estiveram entre os papéis mais negociados da sessão.

Ações de varejistas e construtoras, que são mais sensíveis aos juros, também tiveram ganhos na sessão. A MRV subiu 10,21%, registrando uma das maiores altas do dia, enquanto a Via e a Magalu subiram 7,76% e 3,30%, respectivamente.

As altas fizeram o Ibovespa fechar no positivo mesmo com quedas da Vale (0,30%) e da Petrobras (0,90%).

Os mercados de juros futuros também registram queda. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 foram de 13,27% para 13,18%, e os para 2025 caíram de 11,62% para 11,47%.

Nesta quinta, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou em entrevista que o recuo nos juros futuros são reflexo da aprovação do arcabouço fiscal na Câmara. Ele não sinalizou um início de cortes na Selic, mas disse que o cenário “está melhor”.

Nos Estados Unidos, o foco segue nas negociações sobre o teto da dívida.

A agência de classificação de risco Fitch adotou perspectiva negativa para a nota de crédito do país conforme se aproxima o prazo para governo e Congresso chegarem a um acordo para elevar o limite de endividamento antes de um calote catastrófico.

Uma nova rodada de negociações foi realizada nesta quinta, e a Reuters informou que o presidente dos EUA, Joe Biden, e o principal parlamentar republicano, Kevin McCarthy, estão chegando perto de um acordo sobre o teto da dívida, com divisões em relação a apenas US$ 70 bilhões em gastos discricionários, citando uma pessoa familiarizada com as negociações.

O dólar, a moeda de reserva do mundo, é sempre um dos ativos mais procurados por investidores em tempos de incerteza econômica. Um calote nos Estados Unidos provavelmente causaria estragos financeiros e econômicos a nível global, dada a posição central dos EUA nos mercados internacionais, dizem especialistas.

Com isso, a moeda americana teve alta no Brasil e no exterior. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante outras moedas fortes, subiu 0,33%

Os índices de ações dos EUA tiveram direções mistas. Apoiados por empresas de tecnologia, o Nasdaq e o S&P 500 subiram 1,71% e 0,88%, respectivamente.

O destaque positivo do dia foram as ações da Nvidia, que dispararam 24,34% após a empresa ter projetado uma receita trimestral 50% maior do que as estimativas e anunciado um aumento na oferta de chips para atender a demanda de iniciativas de inteligência artificial.

O Dow Jones, porém, que não inclui negociações de big techs, caiu 0,11%.

Na Europa, pessimismo com relação ao teto da dívida americana e receios com a desaceleração econômica dominaram o mercado. A Alemanha registrou queda no PIB (Produto Interno Bruto) pelo segundo trimestre consecutivo e trouxe dúvidas sobre uma possível recuperação do país.

O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 0,32%, a 456,18 pontos, perdendo cerca de 2,7% em três dias consecutivos, derrubado também por perdas recentes em ações de luxo.

MARCELO AZEVEDO / Folhapress

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