SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Bradesco se prepara para lançar em julho sua conta global destinada aos clientes do banco que buscam mais comodidade para fazer compras durante viagens ao exterior.
Chamada de “My Account”, o novo serviço contará com um cartão de débito da bandeira Visa Plus que será aceito em cerca de 200 países. Com o cartão, o cliente poderá fazer saques em ATMs nas moedas dos respectivos países, e comprar produtos e serviços em lojas que aceitem a bandeira, afirma Roberto Medeiros, diretor internacional e câmbio do Bradesco.
Segundo Medeiros, ainda existe uma quantidade grande de brasileiros que carregam dinheiro em espécie quando vão viajar ao exterior, e a conta global busca oferecer mais comodidade e segurança.
“O objetivo é melhorar a experiência do cliente e agregar valor a um produto que, na realidade, ele já tem de outra maneira e, ao mesmo tempo, fidelizar esse cliente, oferecendo um produto que já existe no mercado”, diz o executivo.
Os gastos de brasileiros com cartões no exterior têm aumentado de maneira acelerada nos últimos meses, na esteira da gradativa retomada das viagens após a fase mais aguda da pandemia.
Dados da Abecs, associação que representa as empresas do setor de meios eletrônicos de pagamento, mostram que os gastos de brasileiros com cartões no exterior alcançaram US$ 2,72 bilhões (R$ 13,47 bilhões) no primeiro trimestre, alta de 53% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Para fazer as compras com cartões em outros países, uma alternativa cada vez mais procurada pelos brasileiros são justamente as contas digitais globais oferecidas por bancos e fintechs.
Medeiros afirma que o projeto vem sendo gestado pelo Bradesco há cerca de cinco anos, período no qual aumentou de maneira relevante a oferta de contas globais na concorrência. O executivo diz que o banco precisou fazer toda a operacionalização do negócio dentro de casa, sem recorrer ao modelo de parcerias usualmente adotado pela concorrência.
A contratação da nova conta global poderá ser feita pelo próprio aplicativo do banco, com a possibilidade de transferência dos recursos da conta no Brasil para a conta global 24 horas por dia, sete dias por semana. Em um primeiro momento, o serviço estará disponível apenas para clientes do Bradesco, mas há planos de expandir a oferta no futuro, diz o executivo.
Medeiros diz que as estimativas mais conservadoras apontam para uma base de 100 mil clientes utilizando a conta global em um prazo de cinco anos. Já as projeções mais otimistas indicam um contingente entre dois e três milhões.
As contas globais têm como prática comum oferecer uma tributação reduzida de 1,1% de IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras) nas compras feitas no exterior, em comparação com a alíquota de 5,38% para as compras internacionais com cartão de crédito emitido no Brasil. A alíquota reduzida ocorre porque a operação se configura como uma remessa para conta de mesma titularidade no exterior.
“A conta global equivale a comprar em espécie, porque o cliente está fazendo uma transferência para ele mesmo. É um modelo que tem se mostrado mais eficiente”, afirma Medeiros.
Em outra frente dentro da área internacional, o banco também prepara um aporte de US$ 230 milhões para sua unidade na Flórida, nos Estados Unidos. Em 2019, o Bradesco comprou por US$ 500 milhões o BAC Florida, rebatizado no ano passado para Bradesco Bank.
“Essa é uma estratégia para fortalecer a área de wealth [gestão de forturnas]”, diz o executivo do banco. A oferta de investimentos e consultoria para clientes de alta renda, bem como de financiamento imobiliário residencial e comercial, estão entre as principais frentes de atuação do banco nos Estados Unidos.
LUCAS BOMBANA / Folhapress