Após o início do cessar-fogo firmado nesta semana, o Hamas retomou presença em áreas devastadas da Faixa de Gaza e afirmou ter executado pessoas acusadas de colaborar com Israel. O grupo terrorista avançou sobre as ruínas de dois anos de guerra na tentativa de retomar o controle do território palestino.
Um vídeo divulgado pela TV do grupo terrorista no Telegram mostra sete homens sendo mortos a tiros em uma rua da Cidade de Gaza. As vítimas, apontadas como supostos colaboradores de Israel, são forçadas a se ajoelhar antes de serem atingidas pelas costas. A autenticidade das imagens foi confirmada por um integrante do Hamas à agência Reuters.
Desde a retirada parcial das tropas israelenses, prevista no acordo de trégua, combatentes do Hamas têm reaparecido em diversos pontos do território palestino. Nesta terça-feira (14), moradores relataram à agência AFP confrontos intensos no bairro de Shejaia, na Cidade de Gaza, entre milicianos ligados ao grupo e outras facções armadas, algumas supostamente apoiadas por Israel.
Antes disso, no domingo (12), o Ministério do Interior de Gaza já havia informado que embates entre o Hamas e outro grupo armado deixaram ao menos 27 mortos, incluindo oito integrantes da facção que controlava o território antes da guerra.
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Segundo jornalistas da AFP, membros do Hamas vêm sendo vistos em mercados e estradas desde o início do cessar-fogo. Uma fonte da segurança palestina da facção afirmou à agência que uma unidade recém-criada, chamada “Força de Dissuasão”, atua para garantir “segurança e estabilidade”.
Embora o desarmamento do Hamas seja uma das exigências do acordo, condição que o grupo rejeita sem a criação de um Estado palestino, os Estados Unidos, um dos mediadores da trégua, teriam autorizado temporariamente a presença dos agentes. Questionado por um jornalista sobre o tema, o presidente americano Donald Trump afirmou que o Hamas “atua dentro dos parâmetros do acordo” e que a medida busca evitar novos conflitos em meio à reconstrução da região.
“Eles querem acabar com os problemas e têm sido abertos sobre isso, e nós lhes demos aprovação por um período de tempo”, disse Trump. “Temos quase 2 milhões de pessoas voltando para prédios que foram demolidos, e muitas coisas ruins podem acontecer. Então, queremos que seja seguro. Acho que vai ficar tudo bem. Quem sabe com certeza?”
Durante os dois anos de ofensiva israelense, o Hamas enfrentou enfraquecimento e disputas internas com rivais históricos, como as facções Abu Shabab, Doghmosh, Al-Majayda e Rami Hellis. Esta última opera na Cidade de Gaza, sobretudo em Shejaia, onde foram registrados confrontos nesta terça. Há alguns meses, a facção se juntou com outro grupo para operar em partes do bairro que ainda estão sob controle do Exército israelense, em desafio ao Hamas.
Para parte dos palestinos que tentam reconstruir suas casas e retomar a rotina entre os destroços, a presença do Hamas traz sensação de segurança. “Começamos a nos sentir seguros”, disse Abu Fadi al Banna, 34, morador de Deir al-Balah, no centro de Gaza, à AFP. “Começaram a organizar o trânsito e a desobstruir os mercados. Nos sentimos protegidos dos delinquentes e dos ladrões“.



