Seus apoiadores lideraram grandes manifestações e campanhas notáveis contra o racismo e a brutalidade policial contra pessoas negras.
Mas poucos sabem que o BLM, em portugês “vidas negras importam”, foi uma ideia criada por três mulheres.
E a BBC as escolheu entre as 100 mulheres mais inspiradoras de 2020.
Alicia Garza, Patrisse Cullors e Opal Tometi fundaram um movimento baseado em uma hashtag das redes sociais, transformando a política. Uma hashtag é uma forma de ressaltar ideias e juntar publicações sobre um tópico.
Em 2013, quando George Zimmerman, homem acusado de matar o adolescente negro Trayvon Martin, foi considerado inocente na Justiça, Alicia Garza fez uma postagem indignada no Facebook. Seu texto, em que ela dizia estar passando por um luto, incluía a frase “black lives matter”. Foi uma faísca.
Sua amiga Patrice Cullors leu a publicação e escreveu uma resposta, transformando a expressão de Garza em uma hashtag: “#blacklivesmatter”.
Com a hashtag se popularizando no Facebook e no Twitter, Garza, Cullors e outra amiga ativista, Opal Tometi, criaram uma rede com o nome Black Lives Matter, que logo foi adotada em protestos pelos Estados Unidos. O movimento se espalhou no mundo inteiro. O Brasil tem seu próprio “Vidas Negras Importam”, por exemplo.
“Os negros, junto com nossos aliados, se levantaram para mudar o curso da história. E nós vencemos”, diz Garza.
Em 2020, foi o assassinato de George Floyd que levou as pessoas novamente às ruas. Em maio, um policial colocou o joelho em seu pescoço, sufocando Floyd durante uma detenção na cidade de Minneapolis.
“O Black Lives Matter, depois de 7 anos, está realmente no DNA e na memória muscular deste país”, afirma Garza.
“Todos nós vimos como membros de nossa comunidade, nossa família, são mortos diante das câmeras.”
Mas, para ela, a grande mídia continua focada na coisa errada.
“De forma recorrente, o peso e a responsabilidade pela violência recaem sobre nossos ombros, mas ninguém fala sobre a violência que nossas comunidades estão sofrendo, tanto por negligência do governo quanto pelas mãos da polícia”, diz.
“Agora temos um novo elemento, que é a violência dos justiceiros e da supremacia branca.”
Livros de história
Apesar da direção que o movimento tomou, as fundadores do BLM estão cautelosamente otimistas, especialmente ao falar sobre a derrota de Donald Trump na eleição.
As mulheres negras, em particular, foram creditadas com um papel significativo na vitória do presidente eleito, o democrata Joe Biden.
Garza, Cullors e Tometi agradeceram o reconhecimento de Kamala Harris, que fez história como a primeira mulher e a primeira negra eleita vice-presidente.
Mas disseram que iriam pressionar para que ela não fosse apenas um “símbolo”, mas alguém “que lute por nossas comunidades”.
“Estou animada em ver a maneira como o movimento BLM, junto com outros movimentos, tem se apresentado diante da situação e gerado ações políticas e que realmente refletem o que temos de melhor”, diz Tometi.
“Acho que nossos movimentos estão mostrando que pode haver uma alternativa completamente diferente, e estou muito emocionada e grata por estar viva em um momento como este.”
Garza diz que o BLM está fazendo mais e mais conexões ao redor do mundo, incluindo o apoio a protestos como #EndSars contra a violência policial na Nigéria.
“Estamos transformando a política como a conhecemos, mas estamos muito focados em transformar o poder, a forma como ele funciona e em garantir que haja mais poder nas mãos de mais pessoas”, diz.
Cullors diz que os feitos do BLM em 2020 entrarão nos livros de história.
“O que me emociona é que meu filho pode dizer que sua mãe, junto com outras corajosas mulheres negras, fizeram tudo que podiam – e nós pudemos – para melhorar este lugar.”
“Estou animada com a história que está sendo contada.”
Informações: BBC br