O Brasil está em segundo lugar no ranking dos números absolutos de pessoas infectadas e de mortes pela covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos. Mas com relação à testagem da população para rastrear a presença do novo coronavírus, o País está muito defasado na comparação com outros que saíram na frente, adotando testagem mais cedo e usando seus resultados para definir políticas públicas.
Dados atualizados até 2 de julho, no site worldometers.info, indicam que o Reino Unido fez 142 mil testes por milhão de habitantes; a Rússia, 138 mil testes por milhão de habitantes; Singapura, 129 mil e Portugal e Espanha fizeram 116 mil cada. Os Estados Unidos fizeram 105 mil.
Isso sem contar os países do Oriente Médio, como os Emirados Árabes Unidos, por exemplo, que foram os campeões em testagem. Fizeram 330 mil testes por milhão de habitantes. Ou seja, 22 vezes mais que o Brasil, que fez apenas 15 mil testes por milhão de habitantes.
Mas há uma explicação para esse resultado tão baixo no Brasil. O professor Valdes Roberto Bollela, da Divisão de Moléstias Infecciosas e Tropicais do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, aponta a falta de estratégia do Ministério da Saúde desde o início da pandemia. Para ele, nunca houve uma política pública centralizada que definisse as diretrizes de ação no combate ao novo coronavírus e na prevenção, como as testagens.
O Ministério da Saúde informou, no início de julho, que os laboratórios públicos ampliaram em 86% a capacidade para realização de testes. Ainda segundo o Ministério, de 5 de março a 30 de junho, foram distribuídos 3.880 milhões de kits de testes RT-qPCR para os 27 Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen), para os três Centros Nacionais de Influenza e laboratórios colaboradores.
O professor explica a importância da testagem com uma metáfora: “É como se nós estivéssemos presos num quarto querendo sair e procurando a chave da porta no escuro. A testagem da população, no caso, é a chave”.
Mas o problema do Brasil, na baixa testagem da covid-19, não se resume à falta de uma política pública centralizada. Há também questões práticas como a importação de insumos para produzir os kits de testes. A professora Vânia Takahashi, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, explica que o Brasil tem tecnologia para a produção dos kits de testagem, faltam os insumos.
Pesquisadora na área de transferência de tecnologia aplicada nos setores cosméticos e farmacêuticos, entre outros, a professora afirma que “é preciso um esforço político para estimular a produção de insumos no Brasil e evitar a dependência do mercado externo. A pandemia trouxe dificuldades para a compra de insumos porque o mundo inteiro está produzindo kits de testagem”.
Principais medidas de prevenção da Covid-19
Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos. Se não houver água e sabão, usar álcool gel 70%.
Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
Evitar contato próximo com pessoas doentes.
Ficar em casa quando estiver doente.
Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
Manter o ambiente limpo e arejado.
Evitar aglomerações ou locais com muitas pessoas.
Manter sempre que possível a distância de pelo menos dois metros de qualquer pessoa em ambientes coletivos.
Seguir todas as orientações das autoridades públicas quanto à restrição de movimentação e contato com outras pessoas.
Quando as atividades escolares estiverem suspensas, as crianças deverão permanecer em casa, ou seja, não frequentar outras áreas coletivas.