Brasileiras presas na Alemanha dizem que ficaram em cela fria, suja e sem comer

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo, veiculada na noite deste domingo (16), as brasileiras Kátyna Baía, 44, e Jeanne Paolini, 40, relembraram o drama vivido no período de 37 dias em que estiveram presas na Alemanha. Elas tiveram a identificação da mala trocada e foram detidas em Frankfurt sob a acusação de levar 40 kg de cocaína na bagagem.

Segundo elas, ao serem detidas no aeroporto, foram separadas e ficaram em salas diferentes, algemadas pelas mãos e pelos pés por cinco horas, com fome e com frio. Só souberam do que eram acusadas quando chegou um intérprete.

“Após passarmos por uma humilhante revista íntima, fomos transferidas para um prédio provisório. Era um lugar frio, com cela suja e pessoas gritando e batendo nas portas. Desde aquele dia não dormimos mais”, contou Jeanne ao programa. “Ficávamos 16 horas por dia trancadas naquela cela.”

“Naquele lugar tinha assassinas em série, incendiárias… Era insalubre de várias maneiras, mental e fisicamente”, acrescentou Kátyna.

Jeanne afirmou que passava o tempo rezando e pedindo que aquilo fosse um sonho. “A sensação de injustiça era muito grande, ficar num presídio com você sabendo que era inocente. Isso dói muito mais.”

Kátyna disse que sofreu ainda mais por outro motivo. Por ter passado por uma cirurgia para corrigir um aneurisma cerebral há alguns anos, ela afirmou à reportagem do Fantástico que precisava tomar medicamentos de uso contínuo, o que, segundo sua versão, foi negado pela Justiça alemã. “Depois de ficar um tempo sem tomar a medicação, falei com outra médica e ela resolveu mudar o princípio ativo e a quantidade. Assim, tive de tomar aleatoriamente porque precisava.”

No fim da entrevista, o casal afirmou que a experiência ruim na Alemanha não vai fazer com que pare de viajar. “Vamos continuar viajando, com malas de mão”, disse Jeanne. “A gente espera que a partir daqui muita coisa mude. A gente paga muito caro pelas bagagens e o mínimo que as companhias devem dar é segurança. Não desejo isso para ninguém. Não quero que ninguém na vida passe por isso que passamos.”

Após a Justiça brasileira enviar a confirmação das trocas de etiquetas por uma quadrilha no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, a Alemanha libertou as brasileiras na última terça (11). Na sexta-feira (14), elas desembarcaram em Goiânia, onde se reencontraram com a família.

Redação / Folhapress

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