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Carbono Oculto cita armazenamento de metanol em terminal do porto de Santos

Empresas importantes haviam sido usadas no esquema, mesmo que involuntariamente, segundo a investigação

Foto: Rubens Cavallari

Relatório do Ministério Público na megaoperação Carbono Oculto aponta que o metanol trazido por importadoras para o Brasil foi armazenado em especial em dois terminais marítimos: Cattalini, no porto de Paranaguá, no Paraná; e a Ultracargo, no porto de Santos.

“O produto, no entanto, não é entregue nas referidas empresas -ao menos não no volume indicado-, mas destinados a postos diversos, exatamente para adulteração de combustíveis veiculares”, diz o PIC (Procedimento Investigatório Criminal) 1005046-26.2025.26.0050, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

Quando foi deflagrada a operação, no último dia 28, procuradores disseram que a distribuição do metanol não envolvia apenas postos de bandeira branca (sem contratos com grandes marcas de combustíveis) ou pequenas distribuidoras e terminais. Empresas importantes haviam sido usadas no esquema, mesmo que involuntariamente, segundo a investigação.

A Ultracargo faz parte do Grupo Ultra, com atuação nos mercados de óleo, gás, especialidades químicas e varejo, segundo seu site.

A Ultracargo é citada na investigação por causa de contratos para aluguel de tanques para três distribuidoras de combustíveis: Arka, Petroworld e Monte Cabral.

Em nota, a Ultracargo informa que “não possui contratos ativos com as distribuidoras Monte Cabral Distribuidora de Combustíveis Ltda., Petroworld Combustíveis S.A. e Arka Distribuidora de Combustíveis Ltda. A empresa assegura a integridade e a conformidade de suas operações por meio de rigorosos processos de diligência, e pauta suas relações comerciais pelo compromisso com a ética, transparência e estrita conformidade legal”.

Representantes das outras empresas não foram localizados para comentar a investigação.

A Arka é citada no relatório do Ministério Público como companhia ligada a Rodrigo Augusto Alves de Carvalho Bortone. Ele é um dos suspeitos de participar do esquema de desvio de metanol e adulteração de combustíveis em postos. O Gaeco pediu, na Carbono Oculto, a quebra do sigilo bancário e autorização para busca e apreensão nos endereços de Bortone.

A suspeita é que a Arka seja ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital), fazendo parte da estrutura montada por Mohamad Hussein Mourad e Roberto Augusto Leme, chamado de Beto Louco, considerados dois dos principais responsáveis pela estrutura criminosa.

A Petroworld aparece em mensagens de Ygor Daniel, investigado por suposta ligação com a facção e primo de Flavio Silvério Siqueira, que também teria conexões com o PCC. No relatório, Ygor confirma o pagamento de R$ 120 mil na conta da empresa.

A Monte Cabral consta nas conversas de Ygor, que determina a compra de 30 metros cúbicos de gasolina da companhia, segundo as investigações. Esta teria recebido pagamento de cerca de R$ 110 mil. Ela já havia sido investigada em outra operação da Polícia Federal, a Ariana, pela comercialização de combustível adulterado.

Nos bastidores, a Ultracargo explicou que seu contrato de aluguel, na verdade, é com outra empresa. Esta teria sublocado os tanques para Arka, Petroworld e Monte Cabral. Os documentos da Ultracargo com essas três investigadas na operação teriam sido assinados por causa da resolução 881 da ANP (Agência Nacional do Petróleo).

A norma determina que sempre que cliente de um terminal quiser ceder para terceiro parte do espaço que contratou, isso precisa ser homologado na ANP.

Operações da Polícia Federal e do Ministério Público de São Paulo miraram a infiltração do PCC na cadeia produtiva do setor de combustíveis e do mercado financeiro.

Com abrangência de dez estados, a força-tarefa teve cerca de 350 alvos, entre pessoas físicas e jurídicas, suspeitos de crimes contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e estelionato. Segundo os órgãos, foi a maior força-tarefa contra o crime organizado da história do país em termos de cooperação institucional e abrangência. Foram mobilizados 1.400 agentes.

ALEX SABINO / Folhapress

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