SÃO PAULO, SP, RIO DE JANEIRO, RJ, E BARCELONA, ESPANHA (UOL/FOLHAPRESS) – O amistoso entre Brasil e Guiné, em Barcelona, teve 10.929 presentes, mesmo com distribuição gratuita de diversos ingressos. A informação foi confirmada pelo UOL com fontes do Espanyol, proprietário do estádio em que a partida aconteceu e que nem teve os setores superiores abertos. Mas a CBF, no geral, ficou satisfeita com a realização e a repercussão do amistoso na Espanha.
Esse foi o segundo pior público em jogos da seleção brasileira no século, desconsiderando aqueles afetados por limitações da pandemia. Até então, o pior público do Brasil nesse período foi no Brasil x Camarões da Copa das Confederações 2001, com 10.519 presentes. Em amistosos, o mais vazio do Brasil desde 2001 fora contra o Panamá, em Curitiba, também em 2001, que teve 15.549 torcedores.
CENÁRIO PARA A BAIXA DE PÚBLICO
A partida da seleção em Barcelona tinha como principais atrativos jogadores do Real Madrid ou ligados ao clube da capital espanhola, como Vini Jr, Rodrygo e Casemiro.
O gancho da partida se tornou a luta contra o racismo, um assunto desafiador na sociedade espanhola. Tanto que houve um caso antes do jogo, relatado por um dos membros do estafe do próprio Vini.
Os catalães não dão muita atenção ao futebol de seleções, tanto que há uma relação complicada com a própria seleção espanhola. Efeitos do pensamento separatista e da rivalidade com Madri.
Ao longo da semana, houve pouca divulgação da partida na cidade. Parcela significativa do público no estádio era de brasileiros que moram na Espanha.
A seleção brasileira conseguiu levar menos gente do que o clube com a média mais baixa em La Liga na temporada passada 11.471 torcedores por partida, do Girona. O Espanyol, dono do estádio, é alvo de provocações da torcida do Barcelona por quase nunca jogar com casa cheia. Mesmo assim, levou uma média de público de 21.601 torcedores. O clube foi rebaixado para a segunda divisão.
POR QUE A CBF FICOU SATISFEITA
A entidade entende que o jogo deu retorno de mídia e exposição no exterior, pelo contexto: uso da camisa preta e ações contra o racismo, tendo Vini Jr. o carro-chefe para essa divulgação.
Ednaldo Rodrigues recebeu sinalização positiva pela iniciativa, vinda de dirigentes estrangeiros. O principal deles foi o presidente da Fifa, Gianni Infantino, que foi à concentração da seleção antes do jogo.
Os jogadores elogiaram a iniciativa da CBF, citaram por vezes o papel de Ednaldo. Houve consulta anterior a Vini Jr para manter a partida na Espanha, local em que tem sido alvo de ofensas racistas.
Na parte técnica, a CBF ficou satisfeita com o retorno do jogo. A atuação rendeu um placar de 4 a 1, dando certa tranquilidade ao interino Ramon Menezes para o confronto mais difícil, diante de Senegal, amanhã (20).
Sobre o público, a CBF entende que a imprensa espanhola estava desinteressada na partida, o que colaborou para uma mobilização baixa.
A CBF espera que o jogo em Lisboa, no estádio José Alvalade, tenha casa cheia.
AMISTOSO NA CONTA DA CBF
A negociação do amistoso na Espanha é de total responsabilidade da CBF, porque a entidade não tem mais contrato com uma empresa que explora comercialmente os jogos do Brasil.
Até o ano passado, a entidade tinha contrato com a Pitch, que levava o Brasil para mercados como o Oriente Médio e Ásia. A companhia inglesa tinha interesse no público porque tinha retorno financeiro.
No cenário atual, a CBF diz que ganha mais dinheiro do que nos tempos da Pitch, já que negocia diretamente as propriedades comerciais e direitos das partidas.
O que a CBF fechou de contrato foi com uma empresa para realizar a parte operacional do jogo.
EDER TRASKINI, IGOR SIQUEIRA E THIAGO ARANTES / Folhapress