SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Erik Logan, CEO da Liga Mundial de Surfe (WSL), elevou o tom diante das críticas de surfistas brasileiros sobre os critérios das notas e negou que o julgamento seja injusto.
Logan rebateu as alegações de que o julgamento das manobras seja “injusto ou preconceituoso”. Ele reforçou que os critérios são passados aos competidores antes de cada etapa, conforme a entidade já havia argumentado para se defender, nesta segunda-feira (29).
O CEO afirmou que, além de “inapropriado”, é uma violação da política da WSL que os surfistas se queixem nas redes sociais em vez de “se envolver com o processo adequado”. Ele enfatizou que nenhum dos atletas que se pronunciaram chegou a “tirar dúvidas” antes do Surf Ranch Pro.
O norte-americano disparou que é “inadmissível” que qualquer surfista questione a integridade dos juízes. “Nenhuma pessoa ou grupo de pessoas está acima da integridade do esporte”, sublinhou.
O CEO da WSL também mencionou é incorreto afirmar que “progressão e variedade” não são levados em consideração nas notas. Os dois itens foram argumentos que Gabriel Medina utilizou em seu desabafo.
Logan ainda destacou que surfistas, juízes e funcionários da WSL estão sendo alvos de ataques e ameaças de morte em decorrência das declarações. “É um lembrete para todos nós que as palavras têm consequência”, completou.
DESABAFO DOS BRASILEIROS
Gabriel Medina disparou nas redes sociais contra a “falta de clareza e inconsistência” nas notas após a sua eliminação nas quartas de final da etapa. Ele empatou em pontos com o australiano Ethan Ewing, mas o adversário avançou por ter tirado a nota mais alta da bateria (9,07 contra 8,67).
Filipe Toledo e Italo Ferreira fizeram coro às críticas de Medina sobre os critérios da Liga Mundial de Surfe. Os dois campeões mundiais se juntaram à pressão por mais transparência e por mudanças na avaliação das provas da entidade.
A comunidade brasileira do surfe manifestou indignação nas redes sociais. Fãs, celebridades e internautas se revoltaram com as notas mais baixas dos brasileiros, mesmo considerando que foram “mais complexas” do que as dos adversários.
A WSL se defendeu afirmando que o surfe é “um esporte subjetivo em constante evolução” e destacou seu comprometimento em “sempre aprimorar a transparência entre juízes, atletas e regras de competição”.
O QUE ERIK LOGAN DISSE:
“Quero abordar a conversa que aconteceu em nossa comunidade após o recente evento do Championship Tour no Surf Ranch. Como você provavelmente sabe, um pequeno número de atletas fez declarações questionando o julgamento da competição e os resultados finais.
Quero responder diretamente a essas declarações, mas primeiro preciso destacar uma questão muito mais importante. Nos últimos dias, vários surfistas, juízes da WSL e funcionários, foram vítimas de assédio, intimidação e ameaças de violência, inclusive de morte, como resultado direto dessas declarações. Isso nunca deveria acontecer em nosso esporte, ou em qualquer esporte, e estamos arrasados com o fato de membros de nossa comunidade estarem sujeitos a isso. É um lembrete importante para todos nós, de que as palavras têm consequências. Esperamos que toda a comunidade da WSL esteja conosco na rejeição de todas as formas de assédio e intimidação.
Em termos das declarações feitas, rejeitamos completamente a sugestão de que o julgamento de nossas competições seja de alguma forma injusto ou preconceituoso. Essas alegações não são apoiadas por nenhuma evidência.
Primeiramente, os critérios de julgamento são fornecidos aos atletas antes de cada competição. Todos os atletas que competiram no Surf Ranch Pro, receberam esses materiais no dia 20 de maio. Todos os atletas tiveram a oportunidade de tirar dúvidas sobre os critérios na ocasião. Nenhum dos atletas que fizeram essas declarações, aproveitou essa oportunidade no Surf Ranch Pro.
Em segundo lugar, nossas regras permitem que qualquer atleta revise a nota de qualquer onda e receba uma explicação mais detalhada de como foram pontuadas pelos juízes. Esse processo existe há vários anos e é o resultado direto do trabalho com os surfistas, visando trazer mais transparência ao processo de julgamento. Não é apropriado, e é uma violação a política da liga, que os surfistas optem por não se envolver com o processo adequado e, em vez disso, expor suas queixas nas redes sociais.
Vários atletas do Surf Ranch Pro receberam pontos por elementos como progressão e variedade, então é simplesmente incorreto sugerir que eles não sejam levados em consideração nos critérios de julgamento. Além disso, nossas regras foram aplicadas de forma consistente ao longo da temporada, inclusive em eventos que foram vencidos por atletas que agora questionam essas mesmas regras.
O surfe é um esporte com critérios subjetivos em constante evolução e damos boas-vindas a um debate robusto sobre a progressão do nosso esporte e os critérios usados para julgar nossas competições. Porém, é inadmissível que qualquer atleta questione a integridade de nossos juízes que, assim como nossos surfistas, são profissionais de elite.
Nenhuma pessoa ou grupo de pessoas está acima da integridade do esporte!”
Redação / Folhapress