SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – As fortes chuvas que atingiram o Sul e o Extremo-sul da Bahia nos últimos três dias deixaram bairros inundados, aldeias indígenas isoladas e ao menos 6.200 pessoas fora de casa, entre desabrigados e desalojados.
As cidades de Santa Cruz Cabrália, Belmonte, Ilhéus e Porto Seguro estão entre as mais afetadas após inundações e deslizamentos de terra. Não há registro de mortes ou pessoas com ferimentos graves.
Nesta segunda-feira, Salvador também entrou em estado de atenção por causa de fortes chuvas. Até o final da manhã, a Defesa Civil municipal recebeu cerca cem solicitações de emergência, incluindo ameaças de desabamento e deslizamento de terra.
O epicentro dos danos é Santa Cruz de Cabrália, município com cerca de 30 mil habitantes que fica ao norte de Porto Seguro. Ao todo, choveu 450 milímetros na cidade desde a madrugada último sábado (22), três vezes mais que o previsto para todo o mês de abril.
Um em cada cinco moradores da cidade está fora de casa a prefeitura estima que cerca de 6.000 pessoas ficaram com danos irreversíveis em seus imóveis ou estão temporariamente em outros locais. A maioria está em casas de parentes, mas também há famílias abrigadas em escolas do município.
“Foi uma chuva muito forte, não tinha sistema de drenagem que pudesse dar conta de tanta água”, afirma o prefeito de Santa Cruz de Cabrália, Agnelo Santos (PSD), que neste sábado decretou calamidade pública no município.
Ao menos quatro aldeias indígenas em Santa Cruz Cabrália tiveram danos em seus acessos e ficaram isoladas. A prefeitura informou que está abastecendo as aldeias com alimentos e mantimentos.
As inundações também atingiram hotéis e pousadas, sobretudo aqueles que ficam próximos ao distrito de Coroa Vermelha. Em uma pousada, hóspedes tiveram eu ser resgatados com canoas.
Famílias que tiveram suas casas alagadas pela enchente começam a voltar para os imóveis nesta segunda-feira (24) e contabilizam danos. Equipamentos públicos como ruas e pontes também ficaram destruídos.
Ao menos três das quatro pontes que cortam o rio Yaya em Santa Cruz Cabrália tiveram danos com a força das águas. Uma delas se rompeu na altura da cabeceira, cedeu e teve que ser interditada.
Outra ponte, que fica na rodovia federal que liga a cidade a Porto Seguro, teve danos em uma das cabeceiras, mas foi recuperada e reaberta para o tráfego de veículos leves.
As chuvas também deixaram danos e casas alagadas em Porto Seguro, onde o prefeito Jânio Natal (PL) decretou estado de emergência neste domingo (23). A prefeitura criou uma força-tarefa para prestar assistência aos bairros e comunidades mais atingidos pelas chuvas e ventos. Famílias que ficaram desabrigadas terão acesso a um aluguel social.
Em Ilhéus, a prefeitura identificou um total de 229 pessoas afetadas pelas chuvas, sendo 49 famílias desalojadas e 7 desabrigadas. A prefeitura informou que está trabalhando para atender a todos os pontos críticos na cidade.
MAIS CHUVA
As chuvas arrefeceram nesta segunda-feira em toda a região, mas a Defesa Civil estadual emitiu um novo alerta para a maior parte das cidades do litoral do Sul e Extremo-sul do estado.
“Emitimos um novo alerta de grande perigo que vai da cidade de Belmonte até Caravelas. A previsão é de mais chuvas que podem passar de 100 milímetros, que vão encontrar um solo já encharcado, aumentando os riscos de deslizamentos”, afirma o superintendente da Defesa Civil estadual, Heber Santana.
O governo do estado está focado na ajuda humanitária e enviou para as principais cidades atingidas 23 toneladas de alimentos e 7.000 litros de água mineral, além de colchões, cobertores e lonas plásticas. Equipes do Corpo de Bombeiros e Defesa Civil reforçaram ações preventivas e de resposta aos danos.
Nesta segunda-feira, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) vai sobrevoar as áreas mais atingidas pelas chuvas acompanhado do ministro da Casa Civil, Rui Costa, o do ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.
Mais cedo, o governador cumpriu agenda no município de Itabuna, onde anunciou a construção de novas moradias para famílias que perderam suas casas nas enchentes que atingiram a cidade em dezembro de 2021 e novembro de 2022.
JOÃO PEDRO PITOMBO / Folhapress