SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Sada Cruzeiro informou que recebeu com “perplexidade e incredulidade” a punição aplicada ao oposto Wallace Souza pelo CECOB (Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil). O órgão ampliou de 90 dias para cinco anos a suspensão do atleta por ele ter jogado a final da Superliga Masculina de Vôlei, no último domingo (30), quando fez o ponto do título.
Em nota, a equipe mineira afirmou que colocou o jogador em quadra “amparada por decisões do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) e do CBMA (Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem)”. O texto afirma, ainda, que o jogador havia sido “ilegalmente suspenso de forma cautelar”.
O CECOB, porém, não reconheceu essas decisões e, além de ampliar o gancho de Wallace, determinou que a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) seja desligada do sistema do comitê por seis meses. Isso a impede de receber repasses financeiros, inclusive das loterias.
O comitê decidiu enviar ofício ao governo federal e ao Banco do Brasil, que patrocina as seleções da modalidade, para que seja cancelado “todo relacionamento patrimonial ou não patrimonial que as entidades privadas possuam com a CBV e que tenha por pressuposto a participação da entidade no sistema olímpico, cujo vínculo deixa de existir na presente data”.
O conselho suspendeu por um ano de Radamés Lattari, presidente da CBV, e enviou ofício ao COI (Comitê Olímpico Internacional), informando as decisões tomadas.
O gancho de Wallace para atuar pela seleção brasileira, que era de 12 meses, também foi aumentado para cinco anos. Mas ele já havia manifestado a intenção de não atuar mais pela equipe nacional.
“Ao ignorar a decisão do STJD do vôlei, órgão que, segundo o artigo 217 da Constituição Federal, é responsável por julgar as questões envolvendo disciplina e competição, o Conselho de Ética do COB se confere uma competência que não possui”, critica o Cruzeiro no comunicado.
Wallace havia sido suspenso por três meses porque, no final de janeiro, publicou foto em sua conta de Instagram. Estava em clube de tiro, com uma arma na mão e abriu a caixa de perguntas do aplicativo para responder dúvidas de seus seguidores. Um deles questionou se usaria aquele revólver para dar um tiro no presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O jogador respondeu com a abertura de enquete questionando quem faria aquilo.
Confira a íntegra do comunicado
Perplexidade, incredulidade. Não faltam adjetivos para a decisão do Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil – CECOB, divulgada nessa terça-feira, 02/05, com a suspensão do oposto Wallace para cinco anos. O clube colocou o atleta em quadra, no último domingo, na final da Superliga, amparado por decisões do Superior Tribunal de Justiça Desportiva – STJD, e do Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem – CBMA.
Wallace foi ilegalmente suspenso de forma cautelar, há quase três meses, e ficou de fora de 17 partidas oficiais. Depois, pelos meios legítimos, junto ao STJD, e com uma decisão do CBMA, o jogador foi liberado para atuar na sequência da Superliga.
Não bastasse a nova punição totalmente desproporcional e descabida ao atleta, que tanto fez pelo esporte brasileiro, o Conselho de Ética ainda suspendeu por seis meses a filiação da CBV ao Comitê Olímpico do Brasil – COB, determinando a suspensão do repasse de recursos à entidade.
Sob a constituição brasileira, a justiça desportiva é um órgão independente e suas decisões devem ser cumpridas. Ao ignorar a decisão do STJD do vôlei, órgão que, segundo o artigo 217 da Constituição Federal, é responsável por julgar as questões envolvendo disciplina e competição, o Conselho de Ética do COB se confere uma competência que não possui.
Não estamos em uma terra sem lei, em que se pode passar por cima de tudo e de todos. Que prevaleça o bom senso. A briga política entre instituições e de egos não pode prejudicar o esporte e todo o sistema do voleibol.
O Sada Cruzeiro, como clube formador e que há quase 17 anos vem trabalhando pelo desenvolvimento do vôlei brasileiro, se posiciona de forma contundente contra a decisão do CECOB.
E acredita que todos devem questionar essa decisão descabida, que extrapola as normas e competências previstas na lei. A sociedade precisa compreender o que está se passando, que é uma clara intervenção pública e política no esporte brasileiro.
Wallace cometeu um grande erro. Se desculpou e foi punido. Ele e toda a sua família sofreram pelo ato infeliz. E por causa de seu ato ele será perseguido eternamente?
O Sada Cruzeiro informa que tomará todas as medidas jurídicas cabíveis para proteção dos direitos do atleta.
Redação / Folhapress