PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – O clube de tiro Hunter, de Jataí (a 320 quilômetros de Goiânia), cancelou um projeto para crianças após imagens de um curso viralizarem em redes sociais. Após recomendação do Ministério Público de Goiás da quinta-feira passada (13), o “Projeto Hunter Atirador Mirim” foi desativado, e o clube retirou imagens do evento, realizado em 1º de abril, de suas redes sociais.
Nos vídeos e fotos, crianças aparentando entre 7 e 10 anos são vistas manuseando pistolas de airsoft -que disparam por ar comprimido, têm as pontas coloridas para serem diferenciadas das armas de fogo e dispensam projéteis de plástico. Elas atiram em balões e alvos de papel e percorrem circuitos de tiro, como se estivessem em uma ação policial tática, acompanhados de instrutores adultos.
Ao final da atividade, havia um pódio com os melhores atiradores.
A “grande repercussão social” do evento, conforme definiu a Promotoria, aumentou após os episódios recentes de ataques de adolescentes a escolas em São Paulo e Blumenau (SC), matando uma professora de 71 anos e quatro crianças entre 4 e 7 anos. Dias depois, em Goiânia, um adolescente de 13 anos feriu três colegas com uma faca em uma escola estadual.
Inicialmente, por meio de uma nota de esclarecimento assinada pelo advogado Carlos Henrique do Carmo Silva em 12 de abril, o Clube Hunter argumentou que as pistolas de airsoft não são armas de fogo ou simulacros e que os pais das crianças estavam presentes no evento.
Segundo a nota, “a intenção do evento foi ensinar o manuseio da airsoft, sobretudo, para demonstrar que mesmo a arma de brinquedo tem suas regras de utilização que devem ser respeitadas, sobretudo, para evitar acidentes envolvendo menores”.
Diante da recomendação do Ministério Público, o clube informou o cancelamento do projeto em seu perfil no Instagram. O texto diz que “essa decisão foi tomada devido aos recentes atos criminais que ocorreram após a realização do projeto, os quais não possuem ligações entre si”. Diz ainda que “reitera novamente seu repúdio a qualquer forma de violência e ódio, especialmente aqueles que ocorrem nas escolas”.
Para recomendar o cancelamento do curso, a promotora da Infância e da Juventude Patrícia Galvão se amparou no decreto do governo federal 11.366, de janeiro de 2023, que determina que a prática de tiro desportivo só poderá ser realizada a partir dos 14 anos e, até os 18 anos, mediante autorização judicial.
A promotora afirma ainda que, diante do “crescente número de ataques e de ameaças a instituições de ensino em todo o Brasil”, é “ainda mais preocupante o contato de crianças com armas de fogo ou simulacros”.
CAUE FONSECA / Folhapress