BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou a abertura de um processo administrativo na Polícia Federal para apurar se houve caso de racismo contra o deputado estadual Renato Freitas (PT-PR).
O parlamentar foi retirado de um voo e revistado pela PF quando embarcava em Foz do Iguaçu, no Paraná, rumo a Londrina, no mesmo estado. Os agentes afirmaram que o deputado havia sido escolhido aleatoriamente em inspeção de rotina. Freitas é negro.
“A investigação é sobre isso, para saber se de fato essas fiscalizações são aleatórias mesmo ou não. E nesse caso particular sobretudo. Se há essa aleatoriedade ou se é racismo. É essa indagação que a Polícia Federal está fazendo à superintendência, para que a equipe do aeroporto se manifeste quanto a isso”, disse em entrevista ao UOL.
“Infelizmente nós temos uma sociedade em que o racismo é entranhado em todas as instituições. Eu não posso nem afirmar e nem descartar porque o fato foi ontem e hoje com certeza essa inquirição está sendo feita para que tenha um esclarecimento definitivo da Polícia Federal na parte que a cabe. A parte anterior, aquela do portal, do raio-x, não é gerenciada pela PF e, sim, por uma normatividade da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) “, acrescentou.
Freitas gravou a abordagem e a publicou em suas redes sociais. No vídeo, é possível ouvir os policiais afirmarem que a inspeção é uma ação de rotina e que selecionaram um grupo de pessoas para ser revistado. O deputado argumenta que só ele foi retirado da aeronave.
Um dos agentes abre uma mochila de Freitas. Depois, inspecionam o corpo do deputado. “Quando o sistema pede para fazer tem que ser feito na mochila e na pessoa”, diz o policial.
Procurada, a PF diz ter atribuição para a realização de fiscalização de atividade aeroportuária. “Houve entrevista de forma aleatória a passageiros, nas quais todos os protocolos de abordagem foram devidamente respeitados pelas equipes policiais”, declarou.
A reportagem também questionou a Anac sobre a ocorrência, mas não recebeu resposta até publicação deste texto.
RAQUEL LOPES / Folhapress