O nome do influenciador Hytalo Santos repercutiu nas redes sociais após a publicação de um vídeo do youtuber Felca denunciando casos de exploração sexual de crianças e adolescentes. O desfecho desse caso foi a prisão de Hytalo e do marido, Israel Nata Vicente, nesta sexta-feira (15) na Grande São Paulo. A prisão foi realizada por agentes da Polícia Civil após pedido do Ministério Público da Paraíba.
Hytalo já era conhecido da Justiça, pois já era investigado pelo MP desde dezembro de 2024 por suspeita de exploração de crianças e adolescentes e por trabalho infantil. Segundo a promotoria, a prisão preventiva nesta sexta foi uma medida imprescindível, já que os investigados estariam “destruindo provas e tentando obstruir as investigações, inclusive com intimidação de testemunhas”.
A defesa do influenciador reafirmou a inocência de Hytalo classificou a prisão como uma “medida extrema”. Os advogados afirmaram ainda que ele sempre colaborou com as investigações.
Entenda a cronologia do caso:
6 de agosto – Felca publica vídeo
O youtuber Felca Bress desencadeou um debate nas redes sociais a respeito da ‘adultização’, termo utilizado para se referir a exposição precoce de crianças a comportamentos adultos e que intitula o vídeo publicado em seu canal. Em um vídeo de 50 minutos de duração, Felca citou diversos casos em que crianças têm sua imagem explorada, tanto por pais quanto por outros adultos, que lucram com os vídeos publicados.
Felca utilizou como base do vídeo o caso da jovem de 17 anos Kamylla Santos, mais conhecida como Kamyllinha, que, segundo ele, tem a imagem explorada de forma sensual nos vídeos de Hytalo desde que tinha 12 anos.
8 de agosto – Redes sociais de Hytalo são desativadas
Hytalo, que acumulava mais de 12 milhões de seguidores no Instagram e 5 milhões de inscritos no YouTube, teve as redes sociais desatividas. Além dele, as redes sociais de Kamyllinha foram suspensas pela Meta.
11 de agosto – Ação contra as redes
Uma força-tarefa que envolveu o Ministério Público da Paraíba, Ministério Público do Trabalho, Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado) e a Polícia Civil entrou com uma ação civil pública para a suspensão do acesso de Hytalo às redes e o retorno dos jovens que ainda viviam com eles às famílias.
12 de agosto – Felca relata ameaças
Felca, relatou, em uma entrevista a um podcast, ser vítima de ameaças. O youtuber contou que passou a andar de carro blindado e acompanhado de seguranças depois de ter publicado as denúncias.
12 de agosto – Caso repercute na Câmara
O vídeo de Felca repercutiu até mesmo nos plenários de Brasília. Na Câmara, haviam sido apresentadas 32 propostas até 12 de agosto, fora a criação de grupo de trabalho, além de iniciativas no Senado e também do governo Lula (PT), que anunciou o envio de projeto ao Congresso para a proteção online.
12 de agosto – Decisão da Justiça
O Tribunal de Justiça da Paraíba determinou, em decisão liminar, que Hytalo Santos tenha todos os perfis das redes sociais suspensos, com interrupção de monetização. Além disso, também determinou o afastamento imediato dos adolescentes que vivem com ele e proibiu qualquer tipo de contato com os menores de idade. A informação foi publicada pelo Ministério Público da Paraíba, que havia solicitado estas medidas à Justiça.
13 de agosto – Quebra de sigilo de contas que atacaram Felca
O TJSP concedeu a quebra de sigilo das contas nas redes sociais que acusaram Felca de pedofilia enquanto ele produzia o vídeo “Adultização”. Na decisão, a juíza Flavia Poyares Miranda considerou que as contas praticaram atos ilícitos e determinou que sejam fornecidos dados dos usuários do X (antigo Twitter) e do YouTube, sob multa diária e caso de descumprimento, de R$ 200, limitada ao teto de 30 dias. Entre os dados que as empresas deveriam apresentar estão registros de acesso, como IPs, com data e hora, além de dados cadastrais destas contas.
13 de agosto – Justiça autoriza buscas
O juiz titular da 1ª Vara da Infância e Juventude da Comarca de João Pessoa, Adhailton Lacet Correia Porto, determinou o cumprimento de mandado de busca e apreensão na casa de Hytalo Santos. O juiz concedeu o pedido do Ministério Público da Paraíba.
Na mesma decisão, o magistrado determinou a suspensão imediata de todas as contas e perfis do influenciador, “enquanto perdurar a apuração dos fatos relacionados ao uso de adolescentes em suas postagens e vídeos”. Hytalo deveria perder acesso ao Instagram, TikTok, Facebook e YouTube. Os vídeos do canal do influenciador no YouTube já não estavam mais ativos. As contas nas redes dele também já haviam sido desativadas.
13 de agosto – Polícia vai a casa de Hytalo
Agentes estiveram na casa do influenciador Hytalo Santos em um condomínio de luxo, em João Pessoa (PB), na noite de 13 de agosto e encontraram a residência vazia, trancada e com uma máquina de lavar ainda funcionando, além de objetos infantis espalhados. Assim, o mandado não foi cumprido.
A suspeita é que a informação da busca e apreensão teria sido vazada, dando tempo para que os objetos alvos da investigação fossem levados por Hytalo ou pessoas ligadas a ele.
14 de agosto – Influenciador se pronuncia
O influenciador Hytalo Santos se pronunciou pela primeira vez após a divulgação do vídeo de Felca. Em nota encaminhada à CNN, ele repudiou as acusações de exploração. “Minha trajetória pessoal e profissional sempre foi guiada pelo compromisso inabalável com a proteção de crianças e adolescentes”.
O influenciador afirmou ainda que nunca ocultou ou obstruiu investigações. “Estou em viagem a São Paulo há mais de um mês e permaneço, desde o início, à disposição das autoridades para todo e qualquer esclarecimento, confiando que a verdade prevalecerá sobre qualquer tentativa de distorção”.
15 de agosto – Hytalo é preso
O influenciador Hytalo Santos e seu marido, Israel Nata Vicente, foram presos durante a manhã desta sexta-feira (15) na Grande São Paulo.
Segundo o despacho da Justiça, a decretação da prisão preventiva (sem prazo) era necessária para impedir novos atos de destruição ou ocultação de provas ou a intimidação de testemunhas fatos que já estariam ocorrendo desde que o influenciador soube da investigação, de acordo com a Promotoria.



