O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou, nesta terça-feira (23), que pretende ter uma reunião com o líder brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na próxima semana. Ao revelar o encontro durante seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, o republicano afirmou ter sentido “uma excelente química” com o petista.
A aproximação ocorre em um momento de forte atrito entre os dois países, resultante das recentes sanções aplicadas pelos Estados Unidos ao Brasil e do aumento de impostos sobre produtos brasileiros. As declarações tiveram um impacto favorável no cenário econômico: o real subiu cerca de 1% frente ao dólar e a Bolsa de Valores do Brasil alcançou um novo pico histórico.
O encontro entre os líderres aconteceu rapidamente nos bastidores da reunião na ONU, logo após o discurso do brasileiro e antes de o americano subir ao púlpito. Segundo membros do governo do Brasil, foi Trump quem tomou a iniciativa de falar com Lula, uma vez que ele já estava no local.
Com exceção de Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça, nenhum membro da comitiva brasileira aplaudiu Trump quando ele subiu ao palco. Muitas outras delegações também permaneceram em silêncio.
Durante sua fala, Trump afirmou que as tarifas impostas ao Brasil e a outros países fazem parte da defesa da soberania e da segurança americana, argumentando que nações estrangeiras “se aproveitaram por décadas” das gestões anteriores em Washington.
“Encontrei o líder do Brasil ao entrar aqui e falei com ele. Nos abraçamos. As pessoas não acreditaram nisso. Nós concordamos que devemos nos encontrar na próxima semana. Foram cerca de 20 segundos. Conversamos e concordamos em conversar na próxima semana”, disse o presidente norte-americano.
Ao final de seu discurso, Trump retomou a aproximação ao mencionar o breve diálogo com Lula.
“Eu só faço negócios com pessoas de quem eu gosto. E eu gostei dele, e ele de mim. Por pelo menos 30 segundos nós tivemos uma química excelente, isso é um bom sinal”, afirmou o republicano.
Mais cedo, durante seu discurso, Lula adotou uma linha crítica aos Estados Unidos, citando as sanções econômicas e condenando as intervenções militares no Caribe. Durante sua fala, a delegação americana, chefiada pelo secretário de Estado Marco Rubio, permaneceu em silêncio. Mesmo em momentos de aplausos da Assembleia, como quando Lula criticou a falta de ação diante da crise em Gaza, os representantes de Washington não reagiram.
Essa foi a primeira vez que os dois se encontraram pessoalmente desde que Trump endureceu as medidas contra o Brasil, em maio. Entre as punições estão restrições de visto a autoridades brasileiras, sanções financeiras contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a inclusão de sua esposa, Viviane Barci Moraes, no rol de sancionados pela Lei Magnitsky.



