Renê da Silva Nogueira Júnior, empresário acusado de matar um gari e ameaçar o motorista do caminhão de lixo após uma discussão de trânsito em Belo Horizonte, foi indiciado pela Polícia Civil nesta sexta-feira (29). A pena máxima, considerando os agravantes para o homicídio de crime fútil e impossibilidade de defesa da vítima, pode chegar a 35 anos de prisão.
A esposa dele, a delegada Ana Paula Balbino Nogueira, também foi indiciada. Ela pode responder por porte ilegal de arma, já que, segundo a investigação, costumava emprestar sua arma pessoal ao marido. A lei prevê pena de dois a quatro anos de prisão, que pode ser aumentada em até 50% por envolver uma servidora pública.
De acordo com os investigadores, as conversas entre o casal teriam mostrado que ela emprestava sua arma pessoal com frequência ao suspeito.
A defesa de Renê Júnior informou que só se manifestará após o Ministério Público analisar o pedido de reconstituição do caso, protocolado nesta sexta. A reportagem não conseguiu contato com a defesa da delegada, que está afastada do cargo desde o dia 13 por motivos de saúde
O inquérito segue agora para o Ministério Público, responsável por decidir se oferece denúncia contra os investigados.
A polícia contestou a versão do empresário, que alegou não saber ter atingido alguém ao disparar a arma. Segundo o delegado Evandro Radaelli, dados extraídos do celular do suspeito mostram pesquisas feitas por ele após o crime, com termos como “gari” e o nome da rua onde Laudemir de Souza Fernandes foi morto.
Os delegados disseram que o suspeito e a esposa conversavam frequentemente, e no dia da morte do gari eles chegaram a se comunicar por telefonema e por mensagens, que foram deletadas pelo suspeito antes de a polícia acessar seu celular.
“A partir da extração de dados do aparelho, a gente pôde notar diversas ligações e mensagens de áudio. Só que esse tipo de conteúdo a gente não consegue acessar, então a gente não sabe o que foi conversado entre eles. Não podemos afirmar se ela [delegada] tinha certeza sobre a prática criminosa ou não”, afirmou o delegado Matheus Moraes.
Além da investigação criminal, a corregedoria da Polícia Civil mineira instaurou procedimento disciplinar para apurar a conduta da delegada.
Os investigadores ainda afirmaram que tiveram acesso a fotos e vídeos que mostravam que o suspeito tinha fascínio por armas e pelo trabalho da esposa. Em algumas imagens, ele aparece com o distintivo da delegada.



