RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Empresários brasileiros descartaram 900 toneladas de salsicha fora da validade, nesta sexta (16), em um ato contra a retenção de cargas na fronteira com a Venezuela, em Roraima. A manifestação foi feita em Boa Vista, e a comida, que antes seria exportada para o vizinho, foi jogada num aterro sanitário.
Segundo os empresários, foram necessárias cerca de 30 carretas para o descarte do alimento, em um prejuízo calculado, de acordo com Allan Oliveira, dono da Frios Roraima, em mais de R$ 10 milhões.
Oliveira afirma que desde o início do ano as exportações para a Venezuela estão sendo retidas em Pacaraima, a 200 km de Boa Vista. Inicialmente, ainda segundo o empresário, os bloqueios eram só de produtos de origem animal. No entanto, há 30 dias, autoridades venezuelanas aduaneiras também passaram a impedir a exportação de produtos básicos, como açúcar, trigo, óleo e margarina
“Bloquearam sem aviso prévio e sem nenhum documento formal os demais produtos que os empresários exportavam, que são produtos de consumo diário”, disse Oliveira. “O bloqueio se deu por parte de algumas autoridades que regulamentam as entradas de alimentos no país.”
Em nota, o Itamaraty disse estar em contato permanente, desde fevereiro, com “autoridades venezuelanas nos mais diversos níveis” para liberar as cargas e por fim à barreira -o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, ligou para o chanceler venezuelano, Yván Gil, para negociar o fim dos embargos.
“[O Itaramaty] recorda que as exportações do setor alimentar brasileiro representam notável contribuição para a segurança alimentar do país vizinho em período recente e que têm enorme importância à economia da região norte do Brasil, especialmente dos estados de Roraima e Amazonas”, disse o ministério.
A Folha tentou contatar a embaixada da Venezuela no Brasil, mas até a publicação desta reportagem não teve resposta. O Itamaraty também não informou o motivo alegado pelo país caribenho para as retenções.
As salsichas descartadas nesta sexta-feira perderam a validade no início do mês. Os empresários também doaram 56 mil toneladas do alimento ao Centro Cívico de Boa Vista. “Estamos fazendo um ato de protesto pacífico para chamar a atenção das autoridades máximas do Brasil e da Venezuela para que possam resolver essa boa relação comercial bilateral que sempre tivemos”, disse Oliveira, da Frios Roraima.
CAMILA ZARUR / Folhapress