A reunião entre o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e o mandatário da Guiana, Irfaan Ali, terminou sem grandes avanços, mas com uma promessa de diálogo para outros encontros. Os países se reuniram para discutir a posse da região de Essequibo na Guiana e que é reivindicada pelos venezuelanos. O Brasil foi representado pelo assessor de Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim.
Em entrevista à Novabrasil, o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Roraima, João Carlos Jarochinski, apontou que a controvérsia entre os dois países e a disputa por Essequibo, região rica em petróleo, nunca deixou de existir. “Há um sentimento na Venezuela de que foram traídos ou injustiçados em relação à essa demanda”, diz Jarochinski. Segundo ele, desde a independência da Guiana, há uma tentativa de encontrar um meio termo nessa disputa.
Para o professor da Universidade Federal de Roraima, esse sentimento foi reavivado e, com as eleições chegando e o desgaste interno do governo Maduro, há uma busca de mecanismos para reafirmar sua autoridade e tentar tirar o foco dos problemas essenciais, como dificuldade de abastecimento e dolarização da economia. “Nesse sentido, Maduro tenta construir um fato novo e reorganizar sua base eleitoral”, avalia o professor. Além disso, a exploração do petróleo também é um ingrediente a mais na situação.
Para João Carlos Jarochinski,” não é possível ter certeza sobre um conflito na região, mas atualmente é muito mais provável que não ocorra um conflito armado”. Segundo ele, há uma série de ações que estão em prática para evitar uma agressão mútua, entre eles, os mecanismos de mediação e a Corte Internacional de Justiça que já cuida do caso. A situação interna da Venezuela, com escassez de recursos necessários em várias áreas, é também outro ponto que pede uma solução diplomática.
Na entrevista à Novabrasil, o professor da Universidade Federal de Roraima avaliou também a guerra da Rússia e da Ucrânia. Para ele, “não há muitas esperanças em relação a esse conflito”. O poder de veto da Rússia no Conselho de Segurança da ONU, a aproximação Rússia-China e o desgaste do tema, são alguns ingredientes que não permitem pensar num meio termo.
A invasão da Ucrânia pela Rússia completa dois anos no início do ano que vem e o líder russo, Vladimir Putin, declarou que a guerra só termina após atingir os objetivos para o seu país.