Na ausência de políticas habitacionais nacionais para o idoso, Estados e municípios adotam iniciativas próprias. Na maioria dos modelos, o morador não compra o imóvel, apenas paga aluguel compatível com sua renda.
Em São Paulo, o programa municipal Vila dos Idosos oferece 145 apartamentos com 90 quitinetes de 30m² e 55 apartamentos de 43m². Atualmente, a oferta de vagas foi reduzida por causa de uma reforma de 31 unidades. Hoje, o empreendimento atende 126 pessoas.
Uma delas é Dirce Cabral, que vive ali desde 2015. A viúva de 80 anos – o marido morreu por um AVC há cinco meses – passa os dias cuidando da casa, fazendo artesanato – um de seus passatempos favoritos – e conversando com os amigos. “Sou muito querida por todos”, orgulha-se. Dirce sente falta das aulas de ginástica e dos passeios que reuniam os idosos e que foram interrompidos por causa da pandemia.
Além do artesanato, o espaço comum tem sala para TV, jogos e espaço para atendimento. O cartão-postal da Vila é um espelho d’água – também em reformas. Os idosos pagam como aluguel 10% e 15% das aposentadorias, além de uma taxa condominial de R$ 35.
Dirce conta que os assistentes sociais e psicólogos estão sempre por ali. Por isso, ela não se sente só. Os profissionais fazem parte de um programa da Unidade Básica de Saúde (UBS) da região para os idosos. A prefeitura informa ainda que o programa recebeu o Selo Mérito da Associação Brasileira de Cohabs e Agentes Públicos de Habitação em 2017.
Um dos exemplos de programa estadual é o Cidade Madura, da Paraíba. Desde 2014, o projeto atende idosos com renda de até cinco salários mínimos com autonomia física para viverem sozinhos ou com um cônjuge. Presente em seis cidades e com planos de expansão para mais duas, o programa atende 290 idosos.
Os condomínios de 40 casas têm academias, pistas de caminhada, sala de computadores, redário, uma horta e até um núcleo de saúde. Cada idoso paga a taxa de manutenção simbólica de R$ 50. Os aluguéis na região variam em torno de R$ 300.
Maria de Fátima Dantas, de 66 anos, vive há quatro anos na unidade em Sousa, no interior do Estado. Está satisfeita com os serviços de saúde e segurança, mas vê dificuldades no transporte. Os motoqueiros cobram R$ 16, ida e volta, para o centro. “Não tem transporte. É tudo longe. Não vende nada aqui dentro. Tenho disposição e faço tudo a pé”, diz a aposentada, que completa a renda como diarista. Em João Pessoa, a fila de espera no programa é de 150 pessoas.
No Viver Mais Paraná, os condomínios horizontais têm praças, hortas comunitárias e academias.
Os idosos pagam aluguel social de 15% do salário mínimo – cerca de R$ 181. Três já foram entregues, em Jaguariaíva, Foz do Iguaçu e Prudentópolis, e outros 12 foram licitados. A expectativa é chegar a 26 até o fim do ano. Segundo o secretário de Habitação, Augustinho Zucchi, são gastos cerca de R$ 5 milhões em cada condomínio.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.