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O que acontece após queda de Bayrou, primeiro-ministro francês

Político centrista permaneceu apenas nove meses no cargo

O primeiro ministro francês, François Bayrou (c), sentado antes de seu governo enfrentar um movimento de confiança na Assembleia Nacional Francesa em Paris, França, em 8 de setembro de 2025. O movimento de confiança se produziu depois que o primeiro ministro francês ativou o artigo 49.1 da Constituição. EFE/YOAN VALAT
O primeiro ministro francês, François Bayrou (c), sentado antes de seu governo enfrentar um movimento de confiança na Assembleia Nacional Francesa em Paris, França, em 8 de setembro de 2025. O movimento de confiança se produziu depois que o primeiro ministro francês ativou o artigo 49.1 da Constituição. EFE/YOAN VALAT

A França entrou em um período de incerteza política nesta segunda-feira (8), após a Assembleia Nacional derrubar o governo do primeiro-ministro François Bayrou. A decisão acontece às vésperas de uma paralisação nacional convocada para quarta-feira (10), que promete testar a força do movimento Bloquons Tout (“Vamos bloquear tudo”).

Bayrou, político centrista de 74 anos, permaneceu apenas nove meses no cargo, substituindo o o direitista Michel Barnier, que durou três meses.

A votação que derrubou o atual premiê terminou com 364 deputados a favor e 194 contra. O próprio Bayrou havia solicitado o voto de confiança no final de agosto, em meio à resistência ao seu plano de austeridade para 2026.

O resultado refletiu a divisão da Assembleia: deputados da extrema-esquerda, esquerda moderada e ultradireita votaram contra, enquanto centro e direita apoiaram o governo. Com a derrota, Bayrou deverá entregar formalmente o cargo ao presidente Emmanuel Macron nesta terça-feira (9).

Poucos minutos após a votação, Macron afirmou que “nomeará um novo primeiro-ministro nos próximos dias”. Entre as opções, estavam dissolver a Assembleia e convocar novas eleições, ou renunciar, antecipando a eleição presidencial de 2027. No entanto, Macron não pode concorrer a um terceiro mandato de cinco anos, limitando suas alternativas.

Em meio à crise, a líder da ultradireita RN (Reunião Nacional), Marine Le Pen, defendeu novas eleições legislativas, afirmando que elas “não são uma opção, mas uma obrigação” para Macron. Le Pen descreveu o governo Bayrou como “um governo fantasma” e sugeriu que a situação atual prepara o caminho para uma “grande alternância” de poder.

Ainda não é possível estimar o impacto da paralisação de quarta-feira, que enfrenta descentralização e conflitos internos entre centrais sindicais e partidos de oposição. Pesquisa do jornal La Tribune du Dimanche indica que 46% dos franceses apoiam a mobilização, 28% são contra e 26% se mostram indiferentes.

Desde que anunciou o voto de confiança, considerado um “suicídio político” devido à fraca base parlamentar de sua coalizão (apenas um terço dos deputados), Bayrou iniciou negociações para formar um novo governo. Em relação a aposta arriscada, Bayrou disse que “o maior risco é deixar as coisas continuarem sem mudar nada”. Apreciador de analogias, em seu discurso comparou a França a um paciente com grave hemorragia e a um barco que ruma para o naufrágio.

Se quisermos salvar o navio, temos que agir sem demora. Há 51 anos, todos os anos gastamos mais do que os recursos disponíveis para o ano”, argumentou. Foi interrompido algumas vezes por gritos do plenário. “Isso me permite beber água, boa ideia”, ironizou.

Para suceder Bayrou, Macron poderia optar por outro nome de centro ou direita, como os ministros Éric Lombard (Economia), Gérald Darmanin (Justiça), Catherine Vautrin (Trabalho e Saúde) ou Sébastien Lecornu (Exércitos). No entanto, todos enfrentariam dificuldades semelhantes à de Bayrou para obter maioria na Assembleia. O problema desses cotados é que seriam vistos como mais do mesmo e teriam a mesma dificuldade de Bayrou para obter uma maioria.

Outra alternativa seria a escolha de um político de esquerda moderada, como Olivier Faure, líder do Partido Socialista, que se mostrou disposto a assumir mediante concessões orçamentárias, como aumento de impostos para os mais ricos. Porém, parte da direita já anunciou que não apoiará um governo comandado pelo PS. Em sua fala, Bayrou ironizou a proposta da oposição de taxar os mais ricos. Disse ser “pensamento mágico” inconstitucional e que geraria fuga de capital. “O 1% dos contribuintes mais ricos assume uma grande parte dos investimentos privados.”

Ao fundo da crise política na França está o avanço da RN, partido de ultradireita liderado por Marine Le Pen, que lidera pesquisas para eleições legislativas e presidenciais. Le Pen enfrenta um processo por desvio de fundos do Parlamento Europeu, que a tornaria inelegível, com julgamento previsto para janeiro. Caso não possa concorrer, o nome mais forte seria o de seu pupilo e jovem presidente do partido, Jordan Bardella, que completa 30 anos neste mês.

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