O governo Bolsonaro parece ter levado a sério as palavras do grande Raul Seixas, que muitos apontam como o maior roqueiro do Brasil: o Diabo, efetivamente, deve ser o pai do rock. Pelo menos na visão da Funarte, que restringiu a participação de bandas desse gênero musical em um concurso criado para premiar bandas de todo o País.
O edital, lançado nesta semana, tem o objetivo de premiar bandas de todo o país, proporcionando distribuição gratuita de instrumentos. Originalmente, é voltado para instrumentos de sopro, mas o único gênero musical a sofrer restrição é o rock.
“Não poderão participar do processo seletivo bandas de música beneficiadas com recursos oriundos das emendas parlamentares e pelos órgãos estaduais de cultura nos anos de 2018 e 2019; tampouco ‘fanfarras’ ou ‘bandas marciais’ ligadas ou não a instituições do ensino regular público ou privado, ‘bandas de pífanos’, ‘bandas de rock, ‘big-bands’, bem como conjuntos musicais assemelhados, conjuntos musicais de instituições religiosas, bandas militares e bandas de instituições de segurança pública”, informa o edital.
Para o advogado especialista em direito administrativo Gustavo Bugalho, a medida é polêmica e precisa ser muito bem embasada para não ser considerada ilegal. “A ideia, pelo que vi, é incentivar ritmos musicais que não são constantemente objeto de tais concursos. Mas, se não estiver muito bem justificado, é plausível e possível de ser contestado o edital”, disse
Histórico
Essa não é a primeira discriminação que o gênero musical de Raul Seixas sofre durante o governo Bolsonaro. Antes, o presidente da Funarte, Dante Mantovani, que assumiu a fundação em dezembro de 2019, já havia declarado publicamente que o rock “leva ao aborto e satanismo”.
Na época, ele afirmou que “o rock ativa a droga que ativa o sexo que ativa a indústria do aborto. A indústria do aborto por sua vez alimenta uma coisa muito mais pesada que é o satanismo. O próprio John Lennon disse que fez um pacto com o diabo”, comentou Montovani, na ocasião.
Confira a declaração de Mantovani: