Um comboio gigantesco, de cerca de 60 quilômetros de extensão, está aparentemente pronto para entrar na capital da Ucrânia, Kiev.
Ontem, os russos atacaram a principal torre de rádio e TV da cidade, interrompendo todas as transmissões.
Embora Moscou tenha anunciado que atacaria alvos militares em Kiev, e pedido que os civis se retirassem das proximidades, não se sabe, ainda, quando e se as forças russas vão realizar o ataque terrestre maciço à capital.
Ao bombardear a torre de TV de Kiev, as forças russas causaram estragos também a um dos principais memoriais aos judeus mortos durante o Holocausto nazista, na Segunda Guerra Mundial, que fica ao lado da torre.
Os números de civis mortos nos últimos seis dias desde a invasão da Rússia não são totalmente claros. Segundo a ONU, ao menos 136 civis morreram, incluindo treze crianças.
O governo ucraniano, porém, informa uma cifra muito maior: 352 civis ucranianos, incluindo 14 crianças, e mais de 2 mil feridos.
A Praça da Liberdade de Kharkiv – a maior praça da Ucrânia e o núcleo da vida pública da cidade – foi atingida com o que se acreditava ser um míssil, em um ataque visto por muitos ucranianos como uma evidência de que a invasão russa não era apenas para atingir alvos militares.
#Kharkiv regional police station was also hit this morning pic.twitter.com/3aIf1IRtW7
— Ragıp Soylu (@ragipsoylu) March 2, 2022
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski, chamou o ataque de “terror franco e indisfarçável”. Segundo ele, até segunda, a Rússia já havia atacado a Ucrânia com 56 foguetes e 113 mísseis de cruzeiro.
Segundo a BBC, durante a noite houve novos bombardeios a Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia. A sede da polícia local e uma universidade estão entre os locais atingidos. Paraquedistas russos também teriam pousado na cidade. O prefeito de Kharkiv disse que 21 pessoas morreram e 112 se feriram.
Há registros também de ataques às cidades de Zhytomyr, a oeste de Kiev; e de Kherson, no sul do país, que teria sido tomada pelas forças russas.
Negociações
O presidente Volodymyr Zelensky pediu que a Rússia pare com os bombardeios como condição para haver avanços nas negociações de um cessar-fogo. Zelensky também disse que, se a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) não quiser admitir a Ucrânia por causa da posição manifestamente contrária da Rússia, deve elaborar garantias de segurança para o país.
Na segunda-feira, o primeiro encontro entre enviados de Moscou e Kiev não chegou a uma resolução comum, mas manteve o canal em aberto para a continuidade das tratativas. Uma segunda reunião entre os dois países está prevista para hoje.
Itamaraty retira embaixador de Kiev
O embaixador brasileiro na Ucrânia, Norton de Andrade Mello Rapesta, e sua equipe, deixaram ontem Kiev por razões de segurança. De acordo com o Itamaraty, as atividades da embaixada brasileira na capital ucraniana serão transferidas para Lviv e Chisinau, capital da Moldávia. Dois postos de atendimento consular serão abertos nestas cidades.
Biden diz que Putin está isolado
No seu primeiro discurso sobre o Estado da União, na noite de ontem, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, defendeu a junção de forças do Ocidente, em especial dos países da Otan.
Ele anunciou que as aeronaves russas não poderão mais voar no espaço aéreo americano. Biden também mencionou a série de pacotes de sanções aplicadas globalmente contra a Rússia, incluindo o corte de bancos do sistema de pagamentos internacionais Swift, o corte de relações com o BC russo e a inclusão de dezenas de políticos, empresários e jornalistas pró-Moscou em listas de congelamento de bens e bloqueio de viagens.
Joe Biden tem índices de aprovação perto dos 41%, um percentual preocupante para um presidente que está há um ano no cargo.
.@POTUS: "The U.S. Department of Justice is assembling a dedicated task force to go after the crimes of Russian oligarchs. We are joining with our European allies to find and seize your yachts, your luxury apartments, your private jets.” pic.twitter.com/IgtLBWGVDz
— The White House (@WhiteHouse) March 2, 2022
China pede negociações
Na primeira conversa entre os ministros das Relações Exteriores da China e da Ucrânia desde a invasão russa, em 24 de fevereiro, o representante chinês afirmou ontem que seu país está disposto a fazer todos os esforços para ajudar a acabar com a guerra por meio da diplomacia. Numa sinalização de mudança na posição da China — que até agora vinha culpando a Otan pelo confronto e evitando criticar a Rússia -, o governo chinês lamentou o conflito e disse estar “extremamente preocupado” com os danos aos civis.
Jogadores ucranianos mortos
Dois atletas de futebol foram mortos durante a invasão da Rússia na Ucrânia. Os ucranianos Vitalii Sapylo, de 21 anos, e Dmytro Martynenko, de 25, são as primeiras perdas do futebol relatadas nesta guerra.Eles faziam parte de equipes que disputavam das ligas menores da Ucrânia.Martynenko foi considerado na temporada passada como o melhor jogador da segunda divisão, da qual também foi artilheiro.