RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Ele embarcou para o Brasil trazendo na bagagem o sonho de se tornar jogador de futebol e, na certidão, a homenagem a um dos grandes ídolos do esporte considerado a paixão nacional.
Reforço do Sampaio Corrêa, que disputa a segunda divisão do Carioca, Garrinsha Estinphile nasceu no Haiti e foi batizado como forma de reverência a Mané Garrincha, ídolo do Botafogo e da seleção brasileira, e que encantou Gary, pai do jovem meia-atacante.
“Meu pai sempre torceu para o Brasil e viu os vídeos do Garrincha jogando, gostou muito e me batizou em homenagem a ele. Meu pai ficou muito feliz quando se concretizou que eu viria para cá jogar futebol”, disse Garrinsha.
Os primeiros passos com a bola no pé foram ainda no país de origem, também por influência paterna. Tudo começo no Pérolas Negras, projeto criado pela ONG Viva Rio, e, após ganhar destaque, foi indicado para vir à filial brasileira, que tem sede em Resende, Rio de Janeiro, onde chegou em outubro de 2019.
“As pessoas perguntam se é em homenagem ao Garrincha mesmo. Alguns não acreditam e acham que é apelido. É legal. Já vi muitos vídeos do Garrincha e acho incrível a habilidade que ele tinha”, contou ele.
Em solo brasileiro, Garrinsha atuou pelo próprio Pérolas Negras, pelo São Bernardo, de São Paulo, e, recentemente, chegou ao Sampaio Corrêa.
“A experiência aqui tem sido muito boa, é um futebol bastante físico e técnico. No Sampaio Corrêa, minha expectativa é ajudar o time a atingir o objetivo do acesso no Estadual”, afirmou.
Aprendeu português
Ao conversar com Garrinsha, o bom português impressiona. Neste período em que está no Brasil, vem se esforçando para aprender a língua a ponto de, atualmente, não misturar com o crioulo ou francês, que também é indicada como uma das línguas oficiais do país caribenho.
“Foi muito difícil porque eu não sabia falar coisa alguma em português quando cheguei ao Brasil. Mas me dediquei bastante e usei também as redes sociais para poder aprender mais”, destacou.
Distância da família
Durante a pandemia de coronavírus, Garrinsha teve uma mistura de preocupação com saudade, sentimentos agravados também pela paralisação do calendário das competições.
“A pandemia foi muito difícil, estava com a família longe de mim e sem jogos. Fiquei muito triste porque queria estar com a minha família por perto, mas, graças a Deus, esse pior período passou. A família ainda não está perto, mas pretendo trazê-la esse ano”, indicou.
Pérolas Negras
O Pérolas Negras é um projeto criado pelo Viva Rio em 2009, no Haiti. As obras para a construção do centro de treinamento foram atingidas pelo forte terremoto que no país, em 2010, e ficaram prontas no ano seguinte.
Em 2016, houve a expansão para o Brasil, jogando o Carioca sob a marca do Audax-RJ. Em 2017 houve a filiação junto à Ferj e o título da Série C, quinta divisão do Rio.
ALEXANDRE ARAÚJO / Folhapress