Lula, ao lado de Maduro, diz ser favorável à entrada da Venezuela no Brics

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (29) ser favorável à entrada da Venezuela no Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

O líder brasileiro foi questionado sobre o assunto por uma jornalista da televisão estatal da Venezuela, durante declaração conjunta, ao lado de Nicolás Maduro.

“Se perguntar a minha vontade, eu sou favorável”, disse o brasileiro.

O petista, no entanto, afirmou que a próxima cúpula do bloco vai ser a sua primeira depois de vários anos. E que, se houver pedido oficial da Venezuela, ele será levado oficialmente, e o bloco vai deliberar.

“O Brics agora está se transformando no grande ímã daqueles que buscam um mundo diferente de paz e cooperação”, disse Maduro. “Mais de 30 países estão solicitando e querem estar com o Banco dos Brics”, afirmou o ditador, em referência à entidade agora liderada pela ex-presidente Dilma Rousseff.

Maduro então exaltou a possibilidade de a Arábia Saudita se unir ao Brics e reforçou que existe vontade da parte da Venezuela de se unir ao bloco. “Imaginem vocês o que isso representa. Se perguntarem à Venezuela, sim, queremos fazer parte do Brics.”

Lula mencionou em diversas oportunidades a necessidade de integração regional, para que os blocos possam fazer frente e ter força em negociações com potências ocidentais. O brasileiro também ressaltou a possibilidade —que ele chamou de “sonho”— de que os blocos e os países possam fazer negócio em suas próprias moedas, não por meio do dólar.

“Não vou dizer que nunca pensei, sonhei, que a gente estabeleça comércio nas nossas próprias moedas. Eu sonho que a gente tenha uma moeda entre os nossos países, para que a gente possa fazer negócio sem depender de dólar. Não é possível que a gente não tenha mais liberdade para fazer negociação”, afirmou Lula citando como exemplo uma possível moeda relativa ao próprio Brics.

“Maduro não tem dólar para pagar importações. É culpa dele? Não, é dos EUA que fizeram um bloqueio extremamente exagerado. Sempre acho que bloqueio é pior do que a guerra. [Isso porque] na guerra morre soldado que está em batalha. Bloqueio mata criança, mata mulheres, mata pessoas que não têm nada a ver com a disputa ideológica que está em jogo”, afirmou.

RENATO MACHADO E RICARDO DELLA COLETTA / Folhapress

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