O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (27) que está convencido de que Brasil e Estados Unidos devem chegar, nos próximos dias, a uma solução para as tarifas impostas pelo governo americano a produtos brasileiros. A declaração foi dada durante coletiva de imprensa em Kuala Lumpur, na Malásia, após o encontro com o presidente norte-americano, Donald Trump.
Os líderes se reuniram no domingo (26). Segundo Lula, a reunião serviu não apenas para tratar das barreiras comerciais, mas também para “esclarecer equívocos” na relação bilateral. “Tive ontem na reunião uma boa impressão de que logo, logo não haverá problema entre Estados Unidos e Brasil”, afirmou. “Estou convencido de que, em poucos dias, teremos uma solução definitiva para que a vida siga boa e alegre do jeito que dizia o Gonzaguinha na sua música”, completou.
O petista afirmou ainda que o republicano garantiu que haverá um acordo comercial. De acordo com Lula, as reuniões para tratar do assunto podem acontecer na próxima semana, em Washington. Ele afirmou ainda que Trump demonstrou interesse em viajar ao Brasil.
“Eu tenho o telefone do presidente Trump, ele tem o meu telefone, e se alguém das nossas equipes falhar, a gente sabe onde a corda vai roer”, disse.
O líder brasileiro relatou que, durante o encontro, reforçou a Trump que os Estados Unidos mantêm superávit no comércio com o Brasil, o que contraria o argumento utilizado pela Casa Branca para justificar a taxação.
“Eu não estou reivindicando nada que não seja justo para o Brasil e tenho do meu lado a verdade mais verdadeira e absoluta do mundo, os Estados Unidos não têm déficit com o Brasil, que foi a explicação da famosa taxação ao mundo, que os Estados Unidos só iam taxar os países com quem eles tinham déficit comercial”, disse.
Lula também afirmou que um presidente da República tem o direito de taxar, e que o inaceitável seria uma taxação como a feita contra o Brasil, baseada, segundo ele, em informações infundadas.
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Além das tarifas, Lula disse ter abordado durante a reunião as sanções aplicadas contra autoridades brasileiras, o que classificou como “inadmissíveis”. Ele citou o caso do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, cuja circulação, assim como a de sua família, foi limitada a apenas cinco quarteirões durante sua passagem por Nova York para participar de eventos da Organização das Nações Unidas (ONU).
Reuniões e cronograma
Além do encontro presidencial, o chanceler Mauro Vieira e Márcio Rosa, secretário-executivo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, se encontrarem com representantes de comércio e com o secretário do Tesouro, Scott Bessent.
Vieira informou que um cronograma de reuniões já foi estabelecido e que uma equipe brasileira deve viajar a Washington nas próximas semanas para dar continuidade às negociações. O chanceler esteve nos Estados Unidos no último dia 16, quando se reuniu com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, para discutir questões relacionadas ao tarifaço.
Rosa avaliou que o momento é favorável. Segundo ele, as conversas com os americanos estavam travadas, mas avançaram de forma significativa após a reunião entre os presidentes. “Estamos avançando espetacularmente bem”, disse. “É possível que ocorra a reversão da taxação excessiva imposta ao Brasil.” O secretário disse ainda que as questões políticas estão fora da mesa, “como deveriam estar”.
Inicialmente, estava prevista a primeira rodada da nova fase de negociações para a noite de domingo, envolvendo representantes de ambos os países. No entanto, o encontro não aconteceu e foi substituído por uma ligação com o chanceler Mauro Vieira.
Vezuela e COP30
Além das questões relacionadas ao tarifaço, os líderes também discutiram outros temas relevantes. Lula afirmou que colocou o Brasil à disposição para mediar negociações envolvendo a Venezuela.
“O Brasil não tem interesse que haja uma guerra na América do Sul. A nossa guerra é contra a pobreza e a fome. Se a gente não conseguir resolver o problema da fome e da miséria, como a gente vai fazer guerra? Para matar os famintos? Não dá para achar que tudo é resolvido à base da bala, que não é”, declarou
No último mês, o governo americano endureceu medidas contra o governo venezuelano, sob a justificativa de combater o tráfico internacional.
O presidente também reforçou o convite para que Trump participe da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro de 2025, em Belém.
“Convidei ele para ir a COP outra vez, disse para ele: ‘É importante que você vá para dizer o que você pensa. Se você não acredita nas coisas, vai lá para você poder dizer o que você pensa’. Não pode a gente fingir que não tem uma situação climática”, afirmou.
*Com informações de Agência Brasil



